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05 jun, 2020

As emoções e o corpo humano

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Você com toda certeza já deve ter visto a força da água agindo, seja no mar quando a onda quebra, em um rio desaguando ou até mesmo em uma cachoeira, e de todas as formas percebe-se que ela precisa ir, fluir, dar vazão e continuidade ao seu curso natural mesmo que tenha que levar o que estiver em sua frente. Assim como você já deve ter observado que, quando se tenta segurá-la, pará-la, é quase impossível, não há muito o que se possa ser feito, pois a água acha ou vai em busca de uma forma de contornar seu obstáculo e continuar seu caminho e direção. Esse é um artigo sobre a ligação entre nossas emoções e o corpo humano, também trazendo à luz o quanto freá-las ou não as escutar pode trazer resultados significativos a nós mesmos.

Não demonstre muito suas emoções, guarde-as, lide sozinho com elas, engula em seco quando aquele chefe falar que não era isso que ele queria mesmo você dando o seu melhor, não chore na frente dos outros e se possível não chore, não fale exatamente o que você quer para não magoar as pessoas, elas podem ir embora, seja o mais agradável possível mesmo que não esteja fazendo aquilo por vontade própria, “aguente no osso” quando falarem algo que machuca você. Essa foi a postura que muitas vezes nos foi passada como um manual de agir em meio ao grupo, de que demonstrar vulnerabilidade é sinônimo de fraqueza, logo, fuja o mais rápido que conseguir. Quanto equívoco, quanta visão distorcida, quantas consequências para se lidar ao tomar essas ações como devidas. Corpo e emoção totalmente separados, caminhando de formas independentes, por muito tempo se acreditava que se lidava dessa forma. Cuido do meu corpo com alimentação adequada, tomo água, faço exercícios e minhas emoções vou lidando com elas conforme forem aparecendo, uma ou outra situação que deixei passar, outra oportunidade que não sabia como lidar e me calei, mas tudo totalmente superado. Será?

Assim como na cachoeira, no mar, no rio, em que a água tem de fluir, dentro de nós não é diferente, nunca houve uma separação entre corpo e emoção, muito pelo contrário, são duas ferramentas que trabalham em conjunto, muitas vezes se misturando uma a outra. Nossas emoções não faladas, não enfrentadas, engolidas em seco, vão querer ser ouvidas de alguma forma e em algum momento – não esqueça, a água precisa fluir, seguir seu trajeto –, enquanto ela não for vista e receber a atenção que merece, irá reivindicar você. Existe a ciência interdisciplinar chamada psicossomática que une especialidades da medicina e da psicologia abordando doenças que têm origem no psicológico, e na alma, e que geram consequência no corpo físico. Cada sentimento não observado, escutado e ressignificado atinge diretamente uma parte do corpo, um órgão em particular. Ele começa dando sinais sutis, como uma dor de cabeça ou uma dor de garganta, por exemplo, e você automaticamente acredita que um remédio irá ajudá-lo e vida que segue, realmente isso acontece, mas isso nada mais é que uma forma de mascarar algo que pede sua atenção, porém, não buscamos ir atrás disso, queremos resolver a dor incômoda e ir em frente. Quanto menos observamos, mais forte ela vem, solicitando atenção, e vamos postergando, deixando para depois sem imaginar que pode agravar.

Pode ser que você nunca tenha parado para pensar sobre esse assunto, mas comece a observar seu corpo quando você faz algo totalmente contra o que realmente quer, a dor, seja de estômago, seja uma irritação que vem e você não sabe o porquê, quando você não fala aquilo que está entalado na garganta, logo em seguida vem uma dor naquela região e aí você pensa: “É por causa do inverno, é normal isso acontecer nessa época!”, e por essa linha você segue tentando enganar a sua cabeça, mas seu corpo sabe exatamente a razão de aquilo estar acontecendo. Ele busca formas de chamar sua atenção àquela emoção diretamente ligada a ele, mas como há tanto barulho passa batido, remédio para dentro e tudo vai ficar certo; sinto lhe dizer, mas não vai. Uma dor de cabeça pode sim acontecer por horas na frente do computador, mas, se ela se apresenta todos os dias, olhe de forma diferente, pois pode ser que exista algo além do superficial. O mesmo ocorre com uma dor recorrente em outra parte do corpo, não tente calá-la na primeira oportunidade, entenda e vá a fundo, qual a raiz dessa dor, que emoção está ligada a esse órgão. Por que falo sobre esse assunto?


Por experiência própria, eu não tenho um órgão. “Ah, mas é a vesícula, muita gente tira, relaxa!” Será mesmo que é de se relaxar? Sabe qual a emoção ligada a ela? A raiva. Eu precisei perder um órgão para ir na raiz do que me despertava aquele sentimento tão forte e que se fez tão presente durante boa parte da minha vida a ponto de parar de funcionar, começou a enfraquecer e não mais fazer seu serviço. Eu não tenho um filtro de raiva agora, e quando a sinto quem cuida dela? Outros órgãos ficam sobrecarregados quando um para de funcionar, e é por essa razão que decidi trazer esse assunto. Não deixe chegar no limite do seu corpo para dar atenção e vazão as suas emoções. Olhe-as, permita-se sentir com todo o seu corpo, que elas fluam e assim possam ir como a água que precisa seguir sua direção. Emoções foram feitas para serem sentidas, entendidas e liberadas, não para serem evitadas, seguradas ou caladas, pois elas de fato nunca o são, se você não as encarar, pode ter certeza de que vão achar uma forma de fazer com que você as perceba, e pode não ser assim tão agradável.

Josiane

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