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Posts arquivados em Tag: Relações

09 abr, 2021

Vale a pena ser forte?

Se preferir, ouça o artigo.

Minha alma me pede escrita, pede que eu me comunique, pede que eu deixe sair o que o meu sol em escorpião luta para que não aconteça exposição, segredos revelados, lados sensíveis expostos e alma desnuda. Pensa em uma pessoa que fica dividida, em cima do muro sem saber quem ouvir? Essa sou eu que, ao mesmo tempo, quero dividir minhas dores e sabores, e tirar pesos extras da mochila, tento guardar dentro de uma caixinha com cadeado para que ninguém de fora perceba minhas fraquezas. É difícil lidarmos com elas, aliás, todos nós queremos ser fortes, bem resolvidos, corajosos e que só percebam esse nosso lado, mas a vida não é assim e parece que quanto mais tentamos vestir essa armadura mais ela vem e nos desarma para ensinar que não há como escapar da vulnerabilidade, que não podemos nos esconder atrás de máscaras e personagens para silenciar nossas debilidades. Veja, eu poderia ter usado a palavra fraqueza aqui, como normalmente ela é colocada, mas a verdade é que eu aprendi a ver isso como um dos melhores lados que temos em nós, passando muito longe de uma deficiência.


Desde pequena eu busquei ser forte, – ou me disseram que eu era e aceitei -, para defender minhas ideias, por acreditar que esse era o papel que eu desempenhava na família e tomei como verdade para mim, como parte integrante da minha personalidade, mas perceba eu fiz essa escolha. Sabe, essa decisão de parecer forte para os que veem de fora tem uma consequência um tanto quanto dolorida, as pessoas acreditam que você pode aguentar mais que os outros por ser forte, mas, não é bem assim. Ser firme, buscar defender seu ponto de vista com seriedade, não ser tão flexível quando se fala de seus valores e princípios é algo bastante diferente de ser forte. Porém, como bem lhe disse, vamos formando personagens ao passar do tempo e dado que ele se torna constante pronto, é instaurado como característica. “Pode falar qualquer coisa que ela aguenta o tranco.” Não, pode ser que essa tenha sido a única solução encontrada em um determinado momento da vida e de tão constante acabou sendo tomada como realidade. Quero que você preste atenção aqui, somos todos seres humanos com nossas dores e experiências, uns são mais bem-sucedidos em esconder isso e outros nem tanto, mas todos nós temos cicatrizes. E ouso lhe dizer que as pessoas que conheci que mais buscavam se mostrar fortes eram as mais frágeis por dentro, clamando por atenção.


Para se perceber isso é necessário estar atento ao outro, escutando o que está sendo dito nas entrelinhas normalmente as pessoas que buscam aparentar dureza têm uma casca tão grossa ao seu redor que nem mesmo elas sabem muito bem como quebrá-la. E quem disse que ela quer que seja quebrada? Simples, porque todos nós gostamos de ser cuidados por quem amamos. A pessoa forte normalmente também é “cabeça dura”, daquelas que não dá o braço a torcer exigindo assim um pouco mais de jogo de cintura de quem convive com ela e a ama. Outro ponto em comum que percebi de pessoas fortes que cruzaram minha caminhada é o coração enorme que elas carregam, elas buscam o bem-estar dos seus, estão sempre atentas ao seu entorno, querem abraçar o mundo e quando ela precisa disso – em um raro momento que ela admite sua vulnerabilidade -, e não recebe, sua frustração atinge picos altíssimos e ela se revolta, certo? Não, ela engole até porque, é sabido interna e externamente, que ela é forte logo, não precisa de atenção. Ninguém é tão alguém que não precise de ninguém, já dizia o pensador. Tudo bem ser independente, tudo mais que certo ser responsável e solucionador de problemas, maravilhoso poder cuidar de quem se quer bem, mas entenda que todos somos feitos de cascas e você – pessoa forte – tem uma frágil também, aceite.

Os indivíduos com os quais nos relacionamos, sejam essas relações amorosas ou não, estão em uma destas duas posições, em nosso oposto querendo nos ensinar algo totalmente diferente ou estão sendo espelhos e trazendo à luz aquilo que sozinhos não conseguiríamos enxergar em nós. Como sei disso? Porque eu mesma sou um exemplo disso e sei o quão difícil é primeiro aceitarmos essa insegurança e segundo o árduo que é admitir isso em voz alta. De todo modo, quero ressaltar algo nos momentos em que mostrei minha vulnerabilidade, eu recebi tanto carinho e afeto que percebi o quanto fui boba de buscar evitar isso bancando a forte. Você nem percebe, mas vai se tornando mal-humorado porque acredita que absolutamente tudo deve ser aguentado no osso, que tem o dever de resolver os problemas do mundo, que se você não fizer ninguém vai fazer. Percebe o peso que é colado nas costas por tanta bagagem criada de forma ilusória? Outro ponto partilhado pelos vistos como fortes são as dores no corpo e doenças repentinas e, como elas não estariam presentes, não é mesmo? Todas as palavras não externadas nos adoecem por dentro, você pode não acreditar nisso, mas nosso corpo é uma máquina inteligentíssima onde tudo se conecta e nada é desperdiçado não pense você, ingenuamente, que o que não é dito é evaporado, nosso corpo não esquece nada. E aí lhe pergunto, vale a pena continuar sendo forte?

27 abr, 2020

Vulnerabilidade – uma fraqueza ou sua maior força?

Vulnerabilidade: Coração preto de papel sendo trocado de mãos

Descobri Brené Brown há cerca de um mês, durante um curso a professora indicou um vídeo dela, como inspiração, para olharmos. Desde então, eu já vi este vídeo, e alguns outros dela, uma porção de vezes. Mas, voltando, aquele primeiro vídeo reverberou em mim. Brené aborda de forma única seu estudo – de mais de 15 anos – sobre vergonha, exatamente, uma pesquisadora no estudo sobre vergonha. O receio que temos de mostrar nosso lado sensível, nossas dores, nossas angústias, nossos devaneios, por favor, “que ninguém descubra coisas do meu passado”. A própria Brené, quando deu a sua palestra – para algumas centenas de pessoas –, ficou em choque ao ser informada que seria disponibilizado no YouTube e que – na cabeça dela – 4.000 pessoas pudessem ver seu momento de maior vulnerabilidade, quando ela diz que passou por um esgotamento. O vídeo alcançou mais de 39 milhões de visualizações e trouxe conhecimento global a ela, mas, além de tudo isso, a meu ver tirou a autora da sombra de só acompanhar histórias e comparar seus dados, ela foi para a arena, se tornou protagonista e experimentou na pele aquilo que ela somente estudava, e isso sim lhe traz conhecimento de causa inquestionável.

Somente uma adição ao contexto: jogando limpo com você, pensei diversas vezes se deveria ou não fazer o blog, pois escrever aqui me deixa vulnerável, você tem acesso a informações bastante particulares, e isso dá medo. Pensei: “Estou exposta, e agora?”, mas só conseguia pensar e sentir que todas essas informações precisavam ser divididas. Aquele vídeo de 20 minutos me tocou de uma forma intensa, chorei, pois vi ali que minha ideia do blog era uma certeza vindo como uma avalanche sobre mim, daquelas certezas que, nem que você não queira, ela pega você pelo braço e diz: “Nós vamos, chega de se esconder!”. E juro a você, eu queria de todas as formas me esconder, ficar invisível, é bem mais fácil ficar na arquibancada, mas percebi que era a vergonha – utilizando a pergunta: “Você acha que é boa o suficiente para escrever para os outros?” – querendo calar um projeto que só tem a intenção de fazer bem, então mandei ela passear.

Não havia percebido, até então, que em diversos momentos busco a vulnerabilidade, quando peço desculpa sem pestanejar, quando me exponho sem saber qual vai ser o resultado – como aqui no blog –, quando eu digo “eu te amo” sem cerimônia e sem esperar de volta. Estou aqui dividindo com vocês histórias da minha vida que têm uma grande importância para mim e eu não sei o que virá depois disso, mas preciso compartilhar com vocês que com 32 anos e através de um vídeo de poucas semanas atrás eu descobri uma das minhas características mais presentes e que me dá forças e não me apaga como eu costumava pensar.

Foi através da minha vulnerabilidade que me permito ir e voltar, começar cursos em áreas tão distintas, crescer em diversos aspectos, conhecer pessoas incríveis, me amar e me sentir amada, e é por causa dela que eu não desisto de encontrar o que eu realmente quero fazer, e em razão dela faço questão de não esconder isso de ninguém. A vida não é fácil, se abrir para ela, se arriscar sem saber no que vai dar, se terá retorno e qual será… e esse é o mais bonito dela, o quanto ela exige de você coragem, atitude, jogo de cintura, entrega e muitas vezes acreditar mesmo no escuro. Seja amável com você, somos com as pessoas ao nosso redor mas nos tratamos como se fôssemos os últimos merecedores de nossa atenção. Suas relações são um reflexo de como você se trata, lembre disso.

Dividir com você tudo isso é para mim um ato de coragem e satisfação – advindos da vulnerabilidade –, daqueles que me fazem acordar feliz com minhas atitudes, e quero que você prove essa sensação também. Por isso convido você a se permitir ser vulnerável e permitir que as pessoas próximas a você também o sejam. Não ria, não julgue, não caçoe quando alguém abre o coração a você, isso é um ato de entrega e confiança, respeite como você gostaria que fizessem com você. Se dê a ousadia de dar o próximo passo no escuro. É incerto? Certamente, mas deixe eu lhe falar, tudo na vida é, então se permita ser visto, de verdade, por aqueles que você ama e permita-se olhá-los também com o coração.


Abaixo deixo a você duas oportunidades de vídeos curtos, porém incríveis, de Brené, caso sinta de vê-los e começar a semana com inspiração, determinação e vendo a questão vulnerabilidade de outra forma.


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