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Posts marcados na categoria Brisas e reflexões

18 jun, 2021

O que é sucesso para você?

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Sucesso, assim como gosto, é algo bastante particular, pelo menos na minha compreensão, e tenho que admitir desde pouco tempo. Durante minha caminhada eu acreditei que sucesso era algo um pouco geral. Casa, carro, emprego bem-sucedido, dinheiro, família feliz com vários filhos, viagens para diversos lugares, reconhecimento e aposentadoria tranquila. Pode ser que uma, ou mais, opções destas citadas acima se encaixe no seu entendimento de sucesso ou nenhuma destas e você tenha outra visão do que é sucesso. E isso que é o formidável de nosso individualismo, acredito eu, cada um de nós está aqui para fazer a sua história e conquistar aquilo que lhe encha os olhos por mais que em alguns momentos possamos nos desviar do que faz nosso coração pulsar ao desejar aquilo que é lindo aos olhos dos outros.


Somos, em maior ou menor medidas, produtos do nosso meio sofrendo assim influências externas desde pequenos e durante nosso crescimento vamos tendo um pouco mais de entendimento sobre isso ou não, e acabamos por muitas vezes olhando os sonhos de outras pessoas, parecendo à primeira vista mais interessantes, e nos apossando deles como se nossos fossem desde o princípio. Em muitas situações nossos sonhos podem parecer tão distantes e tão grandiosos que nosso meio pode ficar assustado e acaba por tentar frear-nos para que não nos frustremos se não alcançá-los ou por os acharem descabidos demais. Mas deixa eu lhe dizer algo, se você consegue conceber isso em sua mente é porque você é capaz de concretizar. Deus, o Universo, ou seja, qual for a força superior que você acredita jamais o impulsiona a sonhar algo que esteja fora de seu alcance, pode ser que leve mais tempo do que você imagina, mais trabalho do que você possa supor e mais abdicações que você jamais pensou, mas, você é sim, capaz de realizar!

Pensei sobre esse assunto depois da passagem de um livro, que estou me deleitando em lê-lo, além da fácil leitura a cada página faz-se necessária uma pausa para reflexões, e tenho que confessar que amo livros assim, que permitem ao leitor questionar-se inúmeras vezes enquanto o aprecia. ” Sucesso é você ter coragem de ser você mesmo, independentemente de qualquer coisa”.¹ Pode ser que esta pequena frase tenha ressoado com o momento em que vivo e fez sentido a quem estou agora. Jamais imaginei que dedicaria tanto tempo, esforço e dedicação para ser simplesmente eu. Não é tarefa fácil você dizer não para o que esperam de você, tampouco é sereno ter coragem de assumir seu verdadeiro eu após tanto tempo sendo o que os outros queriam. Eu me deixei levar por este papel, sendo assim é minha responsabilidade, também, me encontrar em outros do meu agrado. Essa é uma visão de sucesso para mim hoje, ser eu mesma sem me importar com o que vão falar ou pensar, pode parecer pequeno e bobo, mas sabe de uma coisa? Nem se quer concepção de sucesso e muito menos sonhos devem ser justificados a ninguém, cada um de nós tem os seus e devem, indubitavelmente, serem respeitados.


Para você o significado de sucesso é ser milionário e ter a tão sonhada liberdade com isso? Ótimo, continue em frente. Para você é poder rodar o mundo com uma mochila nas costas e desbravar novos lugares? Incrível, vai com tudo. Também pode ser ter uma casa no meio do campo, uma vida mais simples e sem tanta correria? Maravilhoso, entenda que você não está louco ou tampouco indo na contra-mão das pessoas, vivemos em mundo capitalista onde muitos sonhos se baseiam sim, em conquistar coisas, mas este pode não ser o caso e está tudo bem. Lembre-se que você não precisa justificar o seu modo de ver a vida aos outros mas, cabe a você também não julgar a compreensão de outras pessoas em relação a isso. Aprenda a respeitar e se abrir para outras visões, viemos realizar e conquistar objetivos distintos então por que condenar ou zombar o dos outros? Tenho certeza que você não ficaria à vontade se rissem de você e de seus planos mais disparatados. Foque no seu sucesso, se puder ajudar no de outras pessoas o faça, sempre que possível, vibre por quem chegou onde almejava, pois, ao ficar feliz, genuinamente, pelos outros você atrai cada vez mais bênçãos a si mesmo.

¹ Ware, Bronnie: Antes de partir – os 5 principais arrependimentos que as pessoas têm antes de morrer – São Paulo: Geração Editorial, 2012; (página 88).

09 abr, 2021

Vale a pena ser forte?

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Minha alma me pede escrita, pede que eu me comunique, pede que eu deixe sair o que o meu sol em escorpião luta para que não aconteça exposição, segredos revelados, lados sensíveis expostos e alma desnuda. Pensa em uma pessoa que fica dividida, em cima do muro sem saber quem ouvir? Essa sou eu que, ao mesmo tempo, quero dividir minhas dores e sabores, e tirar pesos extras da mochila, tento guardar dentro de uma caixinha com cadeado para que ninguém de fora perceba minhas fraquezas. É difícil lidarmos com elas, aliás, todos nós queremos ser fortes, bem resolvidos, corajosos e que só percebam esse nosso lado, mas a vida não é assim e parece que quanto mais tentamos vestir essa armadura mais ela vem e nos desarma para ensinar que não há como escapar da vulnerabilidade, que não podemos nos esconder atrás de máscaras e personagens para silenciar nossas debilidades. Veja, eu poderia ter usado a palavra fraqueza aqui, como normalmente ela é colocada, mas a verdade é que eu aprendi a ver isso como um dos melhores lados que temos em nós, passando muito longe de uma deficiência.


Desde pequena eu busquei ser forte, – ou me disseram que eu era e aceitei -, para defender minhas ideias, por acreditar que esse era o papel que eu desempenhava na família e tomei como verdade para mim, como parte integrante da minha personalidade, mas perceba eu fiz essa escolha. Sabe, essa decisão de parecer forte para os que veem de fora tem uma consequência um tanto quanto dolorida, as pessoas acreditam que você pode aguentar mais que os outros por ser forte, mas, não é bem assim. Ser firme, buscar defender seu ponto de vista com seriedade, não ser tão flexível quando se fala de seus valores e princípios é algo bastante diferente de ser forte. Porém, como bem lhe disse, vamos formando personagens ao passar do tempo e dado que ele se torna constante pronto, é instaurado como característica. “Pode falar qualquer coisa que ela aguenta o tranco.” Não, pode ser que essa tenha sido a única solução encontrada em um determinado momento da vida e de tão constante acabou sendo tomada como realidade. Quero que você preste atenção aqui, somos todos seres humanos com nossas dores e experiências, uns são mais bem-sucedidos em esconder isso e outros nem tanto, mas todos nós temos cicatrizes. E ouso lhe dizer que as pessoas que conheci que mais buscavam se mostrar fortes eram as mais frágeis por dentro, clamando por atenção.


Para se perceber isso é necessário estar atento ao outro, escutando o que está sendo dito nas entrelinhas normalmente as pessoas que buscam aparentar dureza têm uma casca tão grossa ao seu redor que nem mesmo elas sabem muito bem como quebrá-la. E quem disse que ela quer que seja quebrada? Simples, porque todos nós gostamos de ser cuidados por quem amamos. A pessoa forte normalmente também é “cabeça dura”, daquelas que não dá o braço a torcer exigindo assim um pouco mais de jogo de cintura de quem convive com ela e a ama. Outro ponto em comum que percebi de pessoas fortes que cruzaram minha caminhada é o coração enorme que elas carregam, elas buscam o bem-estar dos seus, estão sempre atentas ao seu entorno, querem abraçar o mundo e quando ela precisa disso – em um raro momento que ela admite sua vulnerabilidade -, e não recebe, sua frustração atinge picos altíssimos e ela se revolta, certo? Não, ela engole até porque, é sabido interna e externamente, que ela é forte logo, não precisa de atenção. Ninguém é tão alguém que não precise de ninguém, já dizia o pensador. Tudo bem ser independente, tudo mais que certo ser responsável e solucionador de problemas, maravilhoso poder cuidar de quem se quer bem, mas entenda que todos somos feitos de cascas e você – pessoa forte – tem uma frágil também, aceite.

Os indivíduos com os quais nos relacionamos, sejam essas relações amorosas ou não, estão em uma destas duas posições, em nosso oposto querendo nos ensinar algo totalmente diferente ou estão sendo espelhos e trazendo à luz aquilo que sozinhos não conseguiríamos enxergar em nós. Como sei disso? Porque eu mesma sou um exemplo disso e sei o quão difícil é primeiro aceitarmos essa insegurança e segundo o árduo que é admitir isso em voz alta. De todo modo, quero ressaltar algo nos momentos em que mostrei minha vulnerabilidade, eu recebi tanto carinho e afeto que percebi o quanto fui boba de buscar evitar isso bancando a forte. Você nem percebe, mas vai se tornando mal-humorado porque acredita que absolutamente tudo deve ser aguentado no osso, que tem o dever de resolver os problemas do mundo, que se você não fizer ninguém vai fazer. Percebe o peso que é colado nas costas por tanta bagagem criada de forma ilusória? Outro ponto partilhado pelos vistos como fortes são as dores no corpo e doenças repentinas e, como elas não estariam presentes, não é mesmo? Todas as palavras não externadas nos adoecem por dentro, você pode não acreditar nisso, mas nosso corpo é uma máquina inteligentíssima onde tudo se conecta e nada é desperdiçado não pense você, ingenuamente, que o que não é dito é evaporado, nosso corpo não esquece nada. E aí lhe pergunto, vale a pena continuar sendo forte?

30 mar, 2021

Pais cuidem de suas emoções

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Este tempo que fiquei recolhida foi exatamente para aprender a lidar com as emoções que estão mais em evidência nesse momento porque lhe digo, levamos uma vida inteira quando se trata de “dominarmos” nossos sentimentos e a cada estação as emoções em voga podem ir mudando. Sabe quando eu disse que fui de cabeça em meu oceano interno? Pois bem, não foi só em questão de profundidade, foi em tempo também, eu voltei lá atrás, lá nos idos de criança quando nossa personalidade está sendo formada e quando muitas ideias e limites são colocados de forma externa para dentro de nós. E se tem uma viagem que todos deveríamos fazer é essa, lá estão muitos questionamentos e respostas de nossa fase adulta e ninguém, absolutamente ninguém é maduro ou adulto demais para fazer essa visita e vou além, muitas amarras que parecem sem solução podem se desfazer.


Sabe o que é louco, depois desse grande passeio a questão maternidade se abriu para mim, não, não no aspecto que você está pensando de ser mãe propriamente mas, de pontos que temos de levar em consideração quando exercemos esse papel na vida e você que é pai ou mãe pode ser que não concorde comigo ou pode ser até que me deteste quando ouvir isso, mas vejo muito mais pessoas querendo bem mais o título do que de verdade exercer o papel. Eu fui uma criança com bastante personalidade, eu ficava roxa de tanto chorar, meus pais não sabiam muito bem como lidar comigo ou você muda e se adapta ou vai sofrer muito na vida foi o que eu escutei. O ponto que quero trazer aqui é que se não fomos ensinados a lidarmos com nossas emoções e somos adultos cheios de traumas e limitações mentais, como poderemos passar lições diferentes as crianças? Eu não estou aqui para dizer o que é certo ou errado, mas se colocamos para debaixo do tapete nossas dores, escondendo do mundo nossas cicatrizes o que lhe faz acreditar que será possível ensinar pelo exemplo a pequenos seres que aprendem desta forma?

Comecei a voltar a minha infância, a rever situações e cenários, falas e reprimendas que influenciaram e muito em minha personalidade e hoje tenho entendimento que foi para chegar nesse momento e querer buscar algo diferente. Crianças não são birrentas porque querem te desafiar ou chamar sua atenção elas estão tentando lidar com suas próprias frustrações e experiências, mas a diferença é que com um cérebro ainda limitado, que está se desenvolvendo e lhe pergunto adultos com emoções mal trabalhadas poderão ajudar como essa criança se eles mesmos não aprenderam a lidar com as suas decepções? Ser pai e mãe é uma das funções mais lindas que podemos exercer nessa vida, mas se não olharmos para nossas emoções interiores e curá-las somos capazes de bagunçar a vida desse pequeno ser ao invés de auxiliá-lo em sua caminhada. Seja uma pessoa melhor, senão para você, para esse pequeno indivíduo que é sua responsabilidade. Crianças, assim como qualquer outra pessoa que cruza nossas vidas, não estão aqui para satisfazer nossas vontades, estão aqui para viver a vida que lhes cabe e nos resta estarmos emocionalmente prontos, ou o mais perto possível, para saber separar isso de uma forma mais madura.

Realmente é uma tarefa que exige dedicação, sem sombra de dúvidas, além de ser uma experiência única e individual. Não sou mãe, mas tenho vivência no papel de filha e por conta dele me permiti essa viagem interna que me possibilitou ampliar meus horizontes e estar lhe escrevendo esse artigo. É meio impossível não colocarmos um pouco de nós na criação de outros indivíduos, mas acredito que você vai concordar comigo que uma pessoa que está em busca de lidar com suas próprias emoções, acolhendo e curando suas dores está muito mais atenta e alerta aos sinais, necessidades e desenvolvimento de uma criança, não é mesmo?  Longe de mim querer definir o que você deve ou não fazer quanto a criação de seu filho, o que quero abordar aqui é a importância de lidarmos com nossas emoções para ensiná-los a serem independentes e encararem da melhor forma possível as suas próprias emoções. Crianças estão sempre observando o que você faz e não o que sai pela sua boca. Se quando estamos tristes choramos e queremos atenção de quem amamos porque falaríamos a uma criança, que não tem nem ideia da onde aquele turbilhão de sensações está vindo, que ela deveria engolir seu choro? Não lhe parece contraditório? 

21 dez, 2020

Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos

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Esta é uma frase de Anaïs Nin e preciso lhe dizer que acredito que ela foi extremamente feliz quando a mencionou. A Anaïs viveu no século passado, uma pena, pois eu gostaria de comentar a ela o quanto concordo com sua citação. Sempre vão existir diferentes formas de ver o mesmo cenário. Há quem aproveite um dia de chuva para se jogar em um banho e agradecer a natureza, e neste mesmo acontecimento pode ter alguém xingando aos céus por essa água cair exatamente no momento em que saiu para a rua. Como sempre menciono a você, aqui não existe certo ou errado e nem escolha de lados e sim, oportunidades, tanto para mim quanto para você de nos colocarmos a pensar individualmente se estamos felizes e satisfeitos com a forma como estamos agindo e levando nossas vidas. Não acredito em coincidências e por essa razão me peguei rindo pela manhã enquanto lia meu livro do momento que veio corroborar exatamente o que comecei a escrever neste artigo ontem e que “por alguma razão” não estava fluindo.


O livro em questão é “Em busca de sentido“¹ de Viktor E. Frankl, e nele o psicólogo/autor fala sobre o comportamento das pessoas e, sua própria vivência, em uma situação-limite como o campo de concentração, nesse caso Auschwitz. Não vão haver spoilers por aqui, até porque é de conhecimento público o que aqueles prisioneiros enfrentaram, mas como mencionado por Viktor, existem momentos extremos como privação de sono, comida, de liberdade e tudo que se reflete a partir disso, mas ainda assim há possibilidade de escolha de como aquilo será enfrentado. O psicólogo menciona de forma tão delicada através de seus olhos atentos que mesmo uma pessoa sob aquelas circunstâncias pode optar, em um sentido espiritual, se será um típico prisioneiro de campo de concentração e portanto se entregando de forma vencida àquele momento ou um ser humano que luta para conservar sua dignidade, mesmo que mínima. Nós não precisamos pensar no mais extremo para valorarmos nossa vida, tudo bem que às vezes é necessário para enxergarmos a realidade, mas é importante que tenhamos em mente que um dos sentidos de nossa existência se refere a atitude que teremos perante momentos árduos e penosos.


Falo que não precisamos ir em casos tão longevos, pois vivenciamos hoje um cenário assim, como o de campo de concentração, salvo obviamente suas individualidades, onde também temos privações, uma das primordiais, a nossa liberdade de ir e vir e de estarmos perto de quem amamos. Isso é real, isso é palpável e lhe pergunto como você age perante esse cenário? E não estou entrando no mérito de sair ou não sair, manter o isolamento ou não, isso cabe a consciência e reflexão de cada um, mas o questionamento aqui é mais sobre como você vê isso? Buscou neste período ver só o seu lado de não poder sair, fazer as atividades que gosta, estar com quem se ama ou aproveitou uma situação de privação para poder se conhecer, descobrir em você razões para lhe manter de pé ou acabou por se afixar a ideia de que tudo está um horror, nada melhora e apontando dedos para quem agia diferente de você? O autor traz à tona algo que prefiro colocar ipsis litteris… “Essas pessoas estão se esquecendo de que, muitas vezes, é justamente uma situação exterior extremamente difícil que dá à pessoa a oportunidade de crescer interiormente para além de si mesma.”².

A reação que você terá sobre determinada situação diz muito mais a respeito de você do que a circunstância propriamente dita. Os cenários nos são colocados para que possamos aprender a nos desenvolver. Podemos nos colocar como reféns e vítimas das circunstâncias que vivenciamos, mas isso nos tira toda capacidade de escolha e de liderança da nossa própria caminhada. Não importa o que esteja acontecendo lá fora, não importa o que esteja acontecendo na sua vida, a escolha de como ver as coisas cabe unicamente a você e ela pode trazer uma mudança substancial na sua jornada. Optei por trazer um cenário dolorido e carregado para que não existam desculpas, de você com você mesmo. A vida vai nos colocando percalços, não há como fugir disso, porém, a forma como vamos enxergá-los pode ser mudada a qualquer instante basta querermos, está escolha sim nos compete. Se dentro de um campo de concentração havia a possibilidade de escolha entre abandonar-se a cada dia um pouco mais esperando a hora da sua morte ou vencer-se internamente a cada instante, você quer mesmo me convencer de que não há possibilidade de mudança na sua escolha? Penso que está na hora de mudar a forma como você vê as coisas.


¹ FRANKL, Viktor E., Em busca de sentindo: um psicólogo no campo de concentração/ 49 .ed. São Leopoldo: Sinodal ; Petrópolis : Vozes, 2020.

²FRANKL, Viktor E., Em busca de sentindo: um psicólogo no campo de concentração/ página 96.

14 dez, 2020

Você é telefone sem fio?

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Tenho certeza que você sabe como funciona a dinâmica do telefone sem fio, mas vamos lá refrescar a memória. Uma pessoa pensa em uma frase e é por ela que começa a brincadeira depois uma a uma vai passando aquela informação recebida à diante até chegarmos ao último participante que fala alto a frase que recebeu para confirmar se foi assim que ela foi dita inicialmente. Por via de regra quando criança as frases terminavam muito distantes da inicial, pois, bem provavelmente, algum engraçadinho no meio do caminho achava legal tumultuar a brincadeira e falar algo bobo. Escrevendo isso me veio à lembrança de que eu não gostava nada desta situação, eu ficava impressionada – de forma inocente mesmo -, como poderia ter mudado tanto a frase se éramos somente em torno de 7 a 10 pessoas? Sempre fui a favor da honestidade acredito que por isso ficava tão incomodada com a brincadeira. Se tal mudança de informação ocorria ali em um pequeno grupo o que podemos imaginar quando falamos de milhares ou milhões de pessoas envolvidas?


Gosto mais de escutar do que falar, das minhas memórias mais distantes já era assim, o fato de querer me manter fiel ao que escuto se mostra constantemente em meus dias mesmo que levando adiante informações que nada tenham a ver comigo. Já mencionei aqui que há alguns anos ainda via e seguia sites e perfis de pessoas famosas e fofocas, parece que ficar olhando a vida dos outros para não cuidar da minha aliviava um pouco a barra. Admito que dar um basta nisso, para mim, foi algo libertador, pode parecer bobagem para você, mas não saber o que está acontecendo na vida das pessoas é motivo de paz na minha. Não, eu não perdi o interesse nas pessoas, mas meu interesse digamos mudou, eu sigo ouvindo e prestando atenção, mas agora direcionado a quem vem falar comigo, quem me pede um conselho ou quer compartilhar algo pessoal. Não tendo mais necessidade de falar da vida de outras pessoas para ter algum assunto. Longe de mim, dizer que eu não comento nada que vi, que li, mas cada vez que vou por esse lado eu tento voltar quanto antes para o ambiente que tenho conhecimento ou que posso ter domínio a minha boca e pensamentos.


Por conta da ‘internet’ as informações rodam por aí em uma velocidade tão grande e de tão fácil acesso que acostumou a maioria das pessoas a serem preguiçosas de pensamento, muitas não se dão  nem ao trabalho de ir até às fontes, e muito menos atrás das seguras, entrando em modo ativo de repetição sem nem averiguar se aquilo que estão passando adiante é real ou não e acrescentando detalhes através da sua forma de ver o mundo. É o telefone sem fio com nova roupagem, é o falar por falar, é o dizer algo para não ficar quieto e não julgarem que você não tem opinião. Porém, se você abrir a boca e falar algo que ouviu de passagem, ou comentário de um terceiro, e não tem a menor certeza sobre o que está dizendo é mais válido do que afirmar que não tem uma opinião sobre isso? Isso já não é mais a brincadeira que jogávamos, hoje um comentário feito mesmo que sem nem maldade da sua parte, mas sem qualquer certeza alguma do que está sendo dito é necessidade de falar por falar. Assim como você falou de um, aquele um, fala de outro, e outro do um em um círculo infinito de repetições sem nem nenhum conhecimento muitas vezes.


Se for possível para você quebre esse telefone sem fio, fale sobre coisas que você tenha conhecimento e não suposições, sem levar adiante assuntos bobos e sobre os outros só para ter sobre o que conversar. A pessoa quando fala algo a você diz aquilo carregado de sua opinião, mostrando muitas vezes a forma como ela lida com as situações, com o diferente, com as dificuldades, com as comparações. Seja filtro, use filtro, aquela informação que chega até você não é a única versão e muito menos sem a certeza de que é a verdadeira. Respire fundo, não se deixe levar pela emoção que as pessoas colocam no seu discurso. Escute atentamente, mas sempre de forma passiva sem tomar aquilo como a única verdade existente. A necessidade que temos como seres humanos de falar é enorme, e natural, pois é um dos meios de nos comunicarmos, mas se for para gerar caos, tumulto, desrespeitar os outros do que adianta esse poder? Falar sobre outras pessoas, mesmo querendo ajudar e sem ter sido solicitado, não nos coloca em um nível altruísta muito pelo contrário nos deixa estacionados até que consigamos entender que este tipo de brincadeira, real, não tem a menor graça. Lhe pergunto, honestamente, você é um telefone sem fio?

30 nov, 2020

O que esse cenário quer me mostrar?

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Sabe quando parecemos estar presos em um ambiente ou situação e por mais que continuemos tentando sair dela mais nos enredamos? Eu tenho certeza que você já passou por pelo menos algum momento como este. Sentimos dentro de nós que aquilo já não nos cabe, nos aperta, nos incomoda, nos irrita e por mais que já estejamos na décima tentativa parece que nada se movimentou, nada mudou, você se frustra e acredita que de repente não há saída mesmo para aquele quadro que se apresenta. Eu sei, já lhe disse que nenhum de nós escapa de passar por esses perrengues, mas dificilmente nos fazemos a pergunta de $1 milhão de dólares que é: O que esse cenário quer me mostrar, o que ele quer de mim? Sabe, com o passar do tempo fui percebendo que quando assumimos às rédeas de nossa vida dificilmente nos desanimamos com os percalços que aparecem, você traz a responsabilidade para si e começa a entender que só fica mais tempo do que necessário em uma condição, ou não forma de encará-la, por teimosia.


Toda e qualquer conjuntura é reflexo de escolhas feitas anteriormente, de maneira consciente ou não, mas se ela não nos agrada já começamos a procurar suas razões externamente e a culpar os outros por influenciarem o cenário e suas decisões, é quase que instintivo tirar da sua responsabilidade para apontar para o outro, é como a brincadeira da batata quente que jogava quando pequena, é uma corrida para tirá-la da sua mão e passar para o outro antes que termine o tempo. Parar, pensar, refletir o seu redor antes de tomar decisões precipitadas nos evitaria tantas dores de cabeça, nós não temos que entregar logo a batata para o próximo, isso não é um jogo, nos habituamos a tudo ser muito acelerado, dinâmico, chegou uma mensagem tenho que responder, tal circunstância aconteceu tenho que solucionar rápido, mas quem está determinando tal prazo? Sua cobrança interna ou é algo real e palpável? Quanto mais nos apressamos a tentar sair de uma situação que nos afrontamos, sem tentar de verdade entendê-la, mais você fica nela ou mais vezes ela se repete.


Nossa, parece agora que estou agourando você, não é? Muito pelo contrário é por saber que como seres humanos exigentes ao extremo com nós mesmos que lhe digo, relaxa, o tempo que você iria passar correndo para resolver tal incumbência e ver essa situação o mais rápido possível pelas costas, olhe para ela, de forma ampla, buscando seus detalhes, analisando se ela é nova ou reincidente? Qual parte do seu corpo ela está influenciando? Qual área da sua vida ela balançou? Como você está se sentindo perante ela? Irritado, triste, frustrado, desanimado? Nós somos um oceano de sentimentos, emoções e pensamentos, tentar resolver para se livrar de algo, mas sem saber quão profunda é sua raiz é o mesmo que querer que uma criança que está aprendendo a andar fique sentada. Aquilo vai continuar repetindo, de diversas formas, até que você canse ou olhe para ela. Tudo que nos acontece externamente já iniciou, há tempos, dentro de nós e é para lá que você deve ir quando pensa em correr de um ambiente determinado.

O que esse cenário quer de mim? Que eu me posicione mais? Diminua o ritmo? Que eu seja mais atenta às pessoas a minha volta? Desenvolva mais meu auto amor? Quanto antes olharmos para os cenários de nossa vida,  de forma ativa, quanto mais profundo nos permitimos ir mais rápido podemos sair daquele contexto que nos causa incômodo. E se você não sair dele com certeza, no mínimo, sua forma de enxergá-lo estará diferente e lhe atingirá bem menos. Cada vez que permitimos ter um olhar diferente para uma mesma situação em nossas vidas automaticamente nós mudamos, às vezes sem nem perceber. Antes de tentar mudar o cenário busque mudar a si, a única atitude que você tem controle, sempre menciono isso, contemple o que aquilo quer lhe ensinar, pode ser um detalhe de uma grande oportunidade para dar um próximo passo. Não tente fugir de uma sensação inoportuna quando ela surgir. Pare, respire, reflita e entenda a razão dela estar se fazendo presente, pois, ela realmente pode ser um, basta você querer enxergar. 

16 nov, 2020

Levanta e anda

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Não é todo dia que acordamos inspirados para fazer tudo que precisa ser feito para chegar aonde queremos. A constância é o que nos leva do ponto A ao B, do B ao C e assim por diante, porém, na correria do dia a dia muitas vezes fica nebuloso vermos com esses olhos de longo prazo e se torna um pouco difícil manter essa periodicidade. As quedas, as pedras no caminho, as frustrações que elas trazem vão fazendo com que fiquemos desmotivados e quando percebemos deixamos para lá algo que tanto queríamos por não acontecer da forma como imaginávamos. A real é que se não tivermos o objetivo claro em nossas mentes e coração desistir em diversos momentos parece a única solução. Obviamente ela parece única, pois é mais fácil jogar a toalha do que ter que levantar depois da vigésima queda, desculpa a sinceridade, mas para mim, parece só que você não queria isso de verdade, não consigo conceber que podemos abdicar tão facilmente de um anseio verdadeiro de nossos corações. Não precisa acreditar em mim, é só pensar em exemplos próximos a você ou de pessoas que se tornaram extremamente conhecidas por sua determinação e obstinação em fazer aquilo que acreditavam acontecer. O que eu quero dizer nesse artigo de hoje é, se você deseja concretizar algo será necessário muito mais do que vontade, será preciso persistência e mais, anseio — da alma —, para o resultado aparecer.


Não sei se você reconhece o título desse artigo, pois é homônimo da música do rapper Emicida, bastante conhecido no cenário musical brasileiro. O trecho da canção que me inspirou para escrever esse texto diz o seguinte: “Irmão, você não percebeu, que você é o único representante do seu sonho na face da terra? Se isso não fizer você correr, chapa eu não sei o que vai…” O Leandro, nome de batismo dele, veio de uma família humilde, assim como uma grande parte da nossa população, e é aqui que eu quero destacar algo importante, e corroborar o citado acima de exemplos que nos provam aonde a persistência pode nos levar. Ele driblou as estatísticas, as diversas pedras no caminho (que não devem ter sido poucas), descrença e preconceito, mas por acreditar no seu sonho e obstinar ele chegou aonde almejava. Eu não conheço diversas músicas do Emicida, tão pouco hip hop é meu estilo favorito de música, mas tenho que lhe confessar que todos os dias eu começo minha manhã escutando essa música para que eu entenda que se eu não fizer por mim, nem que seja um pouco, todos os dias ninguém irá fazer. A preguiça sempre quer vencer, o procrastinar parece muito mais gostoso do que sentar na cadeira e ficar ali horas fazendo o inquestionavelmente necessário.

Mesmo quem trabalha com o que ama precisa lidar com partes monótonas, fazer o que gosta não é sinônimo de prazer sempre, não confunda. Partes chatas, quedas e até recomeços são necessários quando você está fazendo ajustes para a realização, a gente só descobre como caminhar caminhando. A mensagem não poderia ser mais clara do que o levanta e anda, vai, se mantenha em movimento, não pare. Não espere a vontade e o ânimo chegarem para começar a trabalhar e ir atrás, comece a se movimentar que a vontade vem. Tenha claro em sua mente ou até na sua frente, se você for mais visual o que você deseja realizar, isso lhe ajudará a buscar vontade e garra para manter a constância quando a preguiça pensar em chegar. Tenha claro que descansos são fundamentais, fazem parte do treinamento, mas nós somos adultos aqui e sabemos quando é necessário ou é só pretexto. Se nada disso te fez repensar tem algo que fará, o tempo, ele é soberano e quando você se der por conta anos se passaram e aqueles sonhos que aqueciam seu coração foram deixados para trás com a desculpa de que não era para ser ou que você não queria tanto assim.


Sonhos foram feitos para serem realizados, tirados do papel e da mente e tomarem forma. O que eu quero lhe dizer aqui, e não sei como ser mais clara do que o trecho da música é que o tempo está passando e você está deixando vários sonhos irem embora por entre os seus dedos esperando que algo diferente aconteça para lhe motivar. Pode responder o que você quiser do lado daí, listar todos os motivos mais elaborados para não estar correndo atrás agora do que quer, mas lhe pergunto, se não você, quem então fará isso, enquanto você vibra no medo e na dúvida? Eu não sei quais os desejos que você tem aí no seu coração, mas posso lhe afirmar que se eles são genuínos são totalmente merecedores de se tornarem realidade, mas eles não podem sozinhos, precisam de ação e essa cabe unicamente a você. Seja mais forte que sua maior desculpa, durma menos, faça o dobro, abdique de algumas coisas — não se pode vencer todas —, vá de novo, mas não desista. Isso tudo aqui que escrevo serve para mim também, não pense que acordo ou estou sempre motivada, são lembretes que me deixo aqui também enquanto batemos esse papo. Aproveite e deixe um para você o lembrar sempre a razão de ter começado e continue em frente!

09 nov, 2020

Viva e deixe morrer

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Senti de trazer esse tema para discutirmos a importância de encerrarmos ciclos. Em um artigo anterior abordei o quanto nós sofremos por não deixarmos ir, sejam situações, momentos ou pessoas. Somos seres apegados e esse é um dos nossos maiores pontos fracos, digamos assim. Rapidamente nos afeiçoamos, encontramos pessoas com gostos em comum e já nos sentimos próximos, nos acostumamos facilmente com as situações e quando percebemos nos acomodamos. Muitas vezes na busca de nos encaixarmos, acabamos por tentar nos moldar ao ambiente entortando a nós mesmos para não ter de admitir que de repente aquele lugar já teve seu tempo finalizado na nossa história e o mesmo acontecem com nossas relações. Ciclos existem para terem suas fases vividas e encerradas. Muitas vezes é dolorido, sofrido, triste, mas muito em razão de não permitirmos que aquilo finalize e abra espaço para que o novo possa vir. Não, isso não é frieza, indiferença ou qualquer outra palavra que busque em seu vocabulário para dizer que isso é errado ou ruim. Meu contraponto é que o não libertar faz com que tudo fique estagnado, sendo a área que for da sua vida.

Escorpianos têm como característica própria a capacidade de transformação isso é de metamorfosear, seja de ambientes, lugares ou ele mesmo para se ajustar ao ser humano em construção que ele está buscando ser. Pode ser que em razão desse aspecto intrínseco consiga lidar um pouco mais facilmente com encerramentos, mas todos nós já passamos por situações desafiadoras em nossas vidas que nos exigiram encerrar ciclos — ou situação —, que precisavam ser finalizadas, todos temos essa capacidade. Seja de forma inata ou se dedicando para que ela se torne mais natural em nossas vidas. Encerrar e iniciar ciclos é isso, é deixar ir aquele velho ambiente conhecido para desbravar o novo que pode e, muito, lhe ajudar nos próximos passos a dar. Entenda, isso não é maldade, mas nada foi feito para durar para sempre, se você todo dia que acorda está um pouco diferente de ontem o que lhe leva a crer que as situações e pessoas ao seu redor devem ser sempre as mesmas? Aceitar o fim dos ciclos é se libertar das cargas que não fazem mais sentido, é fazer as pazes com o que já foi aprendido, é se abrir para o novo, incluindo você.

Em uma parte do livro que estou lendo atualmente algumas perguntas me chamaram a atenção e trago – as aqui para fazer você refletir também. “Ao que eu preciso dar mais morte hoje, para gerar mais vida? O que eu sei que precisa morrer, mas hesito em permitir que isso ocorra? O que deveria morrer hoje? O que deveria viver? Se não for agora, quando?”¹. Temos dificuldade de entender que a morte não é somente de nossos corpos físicos no final de nossa vida terrena, a morte deve acontecer diariamente para que possamos viver novas experiências e em maior sintonia com quem estamos nos tornando. A morte não é ruim, — lembra que já comentei que tudo é questão de perspectiva? — Eu agradeço pela morte de partes da Josiane, todos os dias, partes que já não fazem sentido permanecerem e querer mantê-las, percebi, era nada mais que apego. O morrer, assim como o viver, são naturais a todas as espécies, que comecemos a tratar estas questões com maior sutileza, pois essa é a ordem natural de todas as coisas.

Se faça essas perguntas com frequência, você está se movimentando em direção ao que deseja ou se apegando ao conhecido mesmo que lhe faça mal pelo medo de soltar? Olhando para trás você se vê muito como a pessoa que era, sem muitas mudanças? Se a resposta for sim, se questione ao que está se apegando, que parte sua não deixa morrer para que uma nova possa renascer? Expanda isso para sua vida na totalidade e preste atenção ao que surgir. Seja sua prioridade sempre! Quanto mais questionamentos você faz a si mesmo maior conhecimento tem sobre si e essa é a sua ferramenta mais valiosa, a que mais lhe exige, mas a que mais lhe dá retorno. Toda indagação que nos fizemos já temos a resposta, porém, muitas vezes não queremos admiti-la, pois isso exigirá, possivelmente, que matemos uma parte de nós, muitas vezes aquela mais conhecida a nossa base e a que temos maior convicção sobre. Todavia quanto mais seguros estamos sobre algo mais a vida vem e nos mostra que isso é uma ilusão e que precisamos nos reinventar para seguirmos fiéis a quem mais importa, nós mesmos.


¹ ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com lobos – 1ª Edição . Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

26 out, 2020

Aprenda a esquecer

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E já começo lhe admitindo que para mim também é extremamente desafiador internalizar e executar essa nota. Como nos esquecermos de algo ou alguém que nos machucou, que nos decepcionou, que nos deixou em algum momento que mais precisávamos? Eu sei, não é nada confortável até de lembrarmos de algumas situações doloridas e se ocorridas há pouco o nó na garganta se torna inevitável, pois ainda não se desfez e por vezes carregamos anos por não conseguirmos deixar ir e sabe por que é tão difícil esquecer? Pela forma em que observamos e lidamos com as circunstâncias, nos tirarmos do lugar de vítimas, que nós mesmos nos colocamos, exige maturidade, coragem de olhar de frente e admitir que também temos nossa parcela de culpa. O outro só nos machuca na medida em que o permitimos. Ai, dói quando alguém nos fala isso, não é? Ficar de coitados da história é mais confortável, “o mundo é mal comigo, as pessoas são egoístas”, mas vou lhe dizer que esse pensamento além de infantil não lhe tira do lugar. Tudo que é desconfortável, sejam pessoas ou situações, é o que nos movimenta para sairmos do vitimismo, mudar e para isso muitas coisas precisam ser esquecidas.

Isso quer dizer que tenho que deixar tudo para lá, me consumir com o que me machuca e esquecer tudo que me incomoda? É claro que não, até porque as emoções não sentidas cristalizam em nossos corpos, emocional e físico, e uma hora a conta chega. O intuito aqui é aprender a ver o quanto é seu dever lidar com o que você tem controle e aceitar que as pessoas não têm que lhe agradar, geralmente elas estão tentando resolver seus próprios problemas e isso pode respingar aos próximos, podendo lhe incluir mesmo não sendo intencional. Cabe a você escolher se colocar como vítima das circunstâncias, onde qualquer vento mais forte que lhe pega desprevenido parece um golpe fatal ou aceitar que as pessoas não agirão da forma que você quer ou espera. Ah! Para que você consegue lidar com essa tranquilidade com decepções? Você pode me perguntar e eu lhe responderei: Não exatamente, mas posso lhe admitir que o pensamento é que quem criou expectativas fui eu mesma, e devo lidar com elas, é duro entender isso, complicado admitir que é nossa atribuição quando alguém nos machuca, isso nos mostra onde não estamos tão confiantes sobre nós mesmos e que toda e qualquer ação vinda de fora atinge e tem a influência que nós autorizamos.

Ok, mas para quem essa parte de esquecer ajuda? Para você mesmo, pense em algum episódio em que sentiu raiva percebeu que ela não chegou até a pessoa ou situação atingindo somente a você com alguma dor até física? Pois bem, quando esquecemos (e digo isso depois de analisar a situação, lidarmos com ela, falar sobre e então seguir) quem ganha somos nós, abrimos espaço interno para os sentimentos que realmente nos fazem ser mais leves e felizes e estes que temos que fomentar. A raiva, a ira, a decepção devem ser sentidas também, pois nada tem de ser evitado, mas devem ser liberadas quanto antes, pois, quando estão transitando por dentro de nós, sem controle algum, podem ir causando danos irreparáveis. Perdoe aquela pessoa que lhe magoou, aceite que as pessoas estão lidando com suas batalhas e que nem sempre é possível encontrar um equilíbrio para lidar com tudo e não magoar ninguém. Esqueça estas pequenas coisas, ocupe o papel principal da sua vida e não perca tempo tentando entender porque agiram desta ou daquela forma com você, tenha a mente tranquila e continue buscando ser sua melhor versão.

Quando entendemos que não somos responsáveis pelo que as pessoas entendem quando falamos, que não temos controle sobre as atitudes de ninguém além de nós mesmos, você vai compreendendo e aceitando a olhar mais para si e mudando o que está ao seu alcance. Claro que isso não quer dizer que você deva ser leviano com os outros, com ninguém, aliás, mas pare de achar que todo mundo está querendo de alguma forma lhe fazer mal, as pessoas estão focadas nelas mesmas e quanto antes se entende isso menos pessoal se torna a atitude alheia. Esqueça que lhe magoaram, esqueça que lhe traíram, esqueça que não agiram com você dá forma que você agiria, isso são pesos que vamos colocando na nossa mochila que não nos ajudarão em nada lá na frente. Para subir a montanha, e chegar ao topo, você precisa estar leve e carregando somente o essencial. Então, deixe para trás alguns itens da bagagem, você vai perceber que muito do que carrega ali dentro não tem mais valor ou significado, deixar ir e esqueça esses pequenos eventos, eles te ajudaram até aqui, mas de agora em diante tornam-se só volume e quando estamos assim não vamos muito longe. Você quer parar ou seguir?

20 out, 2020

Por que resistir?

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Você já andou de montanha-russa? Tenho uma razão para lhe perguntar isso. Temos dois amigos que estão prestes a entrar nesse brinquedo, ambos detestam essa adrenalina, mas se desafiaram para descobrir como sairiam depois da experiência. Um deles quando sentou na cadeira enrijeceu todo corpo, paralisado pelo medo se segurou em tudo que seus olhos alcançavam na cadeira, no cinto de proteção colado ao seu corpo, até na pessoa ao seu lado. Do início ao fim ele não se mexeu, os olhos permaneceram fechados durante todo trajeto, ele ansiou a cada segundo que aquilo terminasse. Em contrapartida, seu colega mesmo desconfortável, soltou seus braços depois da primeira descida do trem, gritou e até conseguiu rir em alguns instantes, mesmo que fosse de nervoso, ele também queria, intimamente, que aquela volta acabasse, mas decidiu entrar no clima, até porque estando ali já não havia muito o que fazer, a não ser relaxar. Após a experiência, em conversa entre eles, o primeiro amigo reclamou de dores no corpo em decorrência de ter ficado rígido enquanto o outro comentou dos momentos em que mais sentiu medo e adrenalina, mas estava feliz de estar com os pés em terra firme.

“Como essa história é uma analogia com minha vida?” Vamos juntos construir esse pensamento. O exemplo acima foi o que mais fez sentindo — pelo menos para mim — sobre o quanto, quando resistimos, as coisas podem se tornar extremamente desagradáveis. Para o primeiro amigo, que se contraiu totalmente, esse simples passeio durou uma eternidade. Ele não aceitou a situação, lutava contra ela, mesmo que quase sem reação ele queria que ela terminasse, nem ao menos se deu ao trabalho de abrir os olhos e perceber que não corria riscos. Já seu amigo decidiu aceitar que como estava no brinquedo, sem muito para aonde ir, só lhe restava entregar-se ao momento. Os dois podem ter decidido, após a vivência, que andar de montanha-russa não é para eles, porém, a atitude oposta de ambos perante a mesma situação mudou completamente a forma de enxergar tal experiência. O primeiro só se lembra de ficar de cabeça para baixo em todos aqueles loopings que vinham sem parar. Já o segundo, que aceitou o fato de estar ali e, relaxou, conseguiu desfrutar alguns momentos além de aprender uma ótima lição.

Geralmente nas situações que vivenciamos, para não dizer majoritariamente, o que nos leva ao sofrimento é o fato de ficarmos resistindo ao momento presente, ao que está acontecendo em nossas vidas no agora. Reclamamos pelo fato de não estar como gostaríamos, de não estarmos onde queríamos e culpando fatores externos. Quanto mais resistimos, enrijecendo perante às situações, como nosso amigo acima, piores os cenários vão ficando, consequentemente vamos reclamando de tudo, a vida vai nos dando mais daquilo e quando percebemos — e se percebemos — estamos presos em uma roda infinita de reclamações e resistência. Estando nela vai ficando cada vez mais difícil sair, pois, se torna algo tão habitual que você acredita que não há outras opções senão a dificuldade. Porém, vejamos o outro amigo que em um dado momento aceitou a situação, assumindo sua responsabilidade perante ela, soltou e aproveitou o que aquele momento tinha a oferecer saindo assim mais rápido e parando de sofrer. Lembre-se que o tempo é algo subjetivo, quando fazemos algo que amamos dez minutos passam em um piscar de olhos e quando aflitos um minuto leva uma eternidade.

Traga isso para sua vida, você pode sim estar passando por um momento desafiador, nebuloso, difícil e normalmente estamos, mas aceite os fatos como eles são sem conformismo ou acomodação, pois são atitudes bastante distintas. Aceite que muitas vezes as coisas não acontecerão da forma que você almejou e isso pode ser uma benção. Veja o cenário a sua volta, agradeça por ele ser um professor lhe ensinando lições que você precisa aprender, mesmo que não entenda agora. Reitero, que se o lugar que você está não é o que deseja continue em busca daquilo que seu coração almeja, mas sem desmerecer o momento presente, ele é tudo que você tem. Onde está e as situações que está passando são resultados de escolhas suas feitas anteriormente então aceite-as, mas não deixe que elas lhe paralisem em direção ao que você intenciona. Quando você para de reclamar, de resistir e tentar a todo custo remar contra a maré, você ganha tempo e energia para investir em atitudes que realmente podem lhe ajudar a avançar. Não resista ao seu momento atual, como nosso primeiro amigo na montanha-russa, receba-o, flua com ele, agradeça pelos ensinamentos e toca ficha para modificá-lo da forma que desejar.

P.S. Sou suspeita de falar, pois adoro uma montanha-russa, porém, se você nunca experimentou se joga levando a experiência para além de um momento de adrenalina, se entregue e veja como você se comporta e se já andou, aproveita e se permita experienciar sob uma nova perspectiva.