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12 jun, 2020

Sobre relacionamentos

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Hoje quero aproveitar e falar um pouco sobre relacionamentos. Não, não será focado em relacionamentos amorosos somente, mas sim sobre o relacionar-se com as pessoas à sua volta. Por mais discreto e tímido que você seja, não há como passar nesta vida sem se conectar com outras pessoas, e bem afortunadamente atrairá indivíduos bem diferentes de você. “Mas por qual razão isso será positivo?”, você deve estar se perguntando, pois são nessas relações em que mais aprendemos, já que, quando pessoas pensam muito diferente de nós mas nutrimos amor por elas, nos permitimos estar mais abertos a tentar entendê-las, ponderar seu ponto de vista e lidar com visões bem diferentes das nossas. Claro que nos envolvimentos amorosos isso se intensifica milhares de vezes mais, pois a relação se faz de forma mais íntima e intensa, mas as outras correlações não deixam a desejar. Esse é o incrível da vida, você amar alguém, pensar o oposto dela e isso não fazer a menor diferença no respeito que sentem mutuamente. Isso acontece sempre? Não, mas hoje é dia de focar no quanto nossos relacionamentos no decorrer da vida nos modelam e nos engrandecem.

Nossas primeiras relações, e as principais noções que irão ditar as próximas que vierem, são os laços que desenvolvemos em casa, sejam com nossos pais, irmãos ou com quem crescemos. Durante o desenvolvimento vemos, ouvimos e fazemos interpretações aos diversos episódios a que nos expusemos e que em determinada maneira formarão nossa maneira de perceber e lidar com os próximos relacionamentos que vierem. Muitas vezes aquela emoção sentida, e retida, pode se transformar em um condicionamento pessoal até inconsciente se tornando algo habitual a você a ponto de nem saber fazer de forma distinta. Isso quer dizer que é o certo? Não necessariamente, mas por muito tempo, e isso pode ser até durante uma vida inteira, passa a ser a forma como você acredita que devem ser levadas as relações. A partir do momento em que começa a pensar por si próprio é necessário começar a se desconectar do que veio de sua criação mas que agora não mais ressoa com sua vida. Sim, é difícil, passamos a vida inteira fazendo de uma forma até entendermos que aquilo nos machuca de determinada maneira, e temos que nos movimentar para descobrir nossa própria forma de se relacionar começando do zero. Não pense que será cansativo, veja como uma oportunidade incrível de poder desenhar conforme o arranjo que faça sentido e como você deseja que estes relacionamentos se desenvolvam na sua realidade.

Quero citar algo profundo aqui, e espero que você esteja sentado ao ouvir/ler isso, toda e qualquer relação que você teve, tem ou terá na vida foram escolhidas anteriormente por você – sim, sem exceções –, desde aquela que veio, ficou pouco e você nem entendeu a razão de sua existência, passando por aquela que machucou profundamente e que você ainda não se sente confortável de confrontar e aquelas que você agradece diariamente por poder caminhar lado a lado e fazer dessa trajetória algo bem mais leve. É duro imaginar isso, pois nossa mente nos remete às piores experiências que já passamos com outras pessoas, e você só consegue pensar: “Não, eu não posso ter escolhido me relacionar com aquele ser humano! Nem em mil vidas eu escolheria aquela criatura para passar cinco minutos em sua companhia”. Dureza, né? Você escolheu e ainda por cima por vontade própria, chega a dar um desespero só de imaginar, mas, calma, amigo, você não está sozinho nessa, também já passei por pessoas que imagino que não me encontrava muito sã na hora da escolha. Falando sério agora, essas foram as pessoas que mais me ensinaram, seja como não fazer, seja para me mostrarem para não mais ir por aquele caminho, ou por me revelarem espaços tão escuros que levei luz e não preciso mais voltar, ainda bem.

Mas, voltando, toda e qualquer pessoa veio para lhe ensinar algo, da mais sutil mudança até aquela que deu um 360° na sua vida. Os relacionamentos amorosos são nossa chance mais profunda de observação própria, de mudanças e de espelhos. Depois de passada aquela fase de vender o peixe, onde você só mostra seu lado bonito, sem erros ou falhas e que pode dar conta de tudo – sim, isso entra em amizades também, ou você acha que só se vende o peixe em relacionamentos amorosos? –, vem o verdadeiro momento de aprendizagem. Lidar com uma pessoa com uma criação diferente da sua, com outros princípios, manias, crenças, é uma ocasião de se conhecer, seja suas vulnerabilidades, seu coração caridoso ou até mesmo aquele lado nem tão bonito que você tenta esconder a sete chaves até de si mesmo, tudo ali colocado na mesa com todo o receio de que o outro se assuste e fuja, mas não se assuste, seja você SEMPRE o outro gostando ou não, pois pior do que não gostarem de você é não reconhecer a si próprio em alguma relação buscando aprovação e querendo agradar. Aproveite para aprender coisas sobre você que sozinho levaria anos. Observe suas relações mais próximas, as que não são tanto assim e as que já partiram e perceba o que cada uma lhe ensinou e o quanto você pode, e pôde, melhorar por conta dela. Aproveite, agradeça e viva totalmente todo e qualquer relacionamento, pois cada pessoa que aparece no seu caminho é um professor, então aprenda com humildade as lições que ela veio lhe ensinar.