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Posts arquivados em Tag: Emoções

30 mar, 2021

Pais cuidem de suas emoções

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Este tempo que fiquei recolhida foi exatamente para aprender a lidar com as emoções que estão mais em evidência nesse momento porque lhe digo, levamos uma vida inteira quando se trata de “dominarmos” nossos sentimentos e a cada estação as emoções em voga podem ir mudando. Sabe quando eu disse que fui de cabeça em meu oceano interno? Pois bem, não foi só em questão de profundidade, foi em tempo também, eu voltei lá atrás, lá nos idos de criança quando nossa personalidade está sendo formada e quando muitas ideias e limites são colocados de forma externa para dentro de nós. E se tem uma viagem que todos deveríamos fazer é essa, lá estão muitos questionamentos e respostas de nossa fase adulta e ninguém, absolutamente ninguém é maduro ou adulto demais para fazer essa visita e vou além, muitas amarras que parecem sem solução podem se desfazer.


Sabe o que é louco, depois desse grande passeio a questão maternidade se abriu para mim, não, não no aspecto que você está pensando de ser mãe propriamente mas, de pontos que temos de levar em consideração quando exercemos esse papel na vida e você que é pai ou mãe pode ser que não concorde comigo ou pode ser até que me deteste quando ouvir isso, mas vejo muito mais pessoas querendo bem mais o título do que de verdade exercer o papel. Eu fui uma criança com bastante personalidade, eu ficava roxa de tanto chorar, meus pais não sabiam muito bem como lidar comigo ou você muda e se adapta ou vai sofrer muito na vida foi o que eu escutei. O ponto que quero trazer aqui é que se não fomos ensinados a lidarmos com nossas emoções e somos adultos cheios de traumas e limitações mentais, como poderemos passar lições diferentes as crianças? Eu não estou aqui para dizer o que é certo ou errado, mas se colocamos para debaixo do tapete nossas dores, escondendo do mundo nossas cicatrizes o que lhe faz acreditar que será possível ensinar pelo exemplo a pequenos seres que aprendem desta forma?

Comecei a voltar a minha infância, a rever situações e cenários, falas e reprimendas que influenciaram e muito em minha personalidade e hoje tenho entendimento que foi para chegar nesse momento e querer buscar algo diferente. Crianças não são birrentas porque querem te desafiar ou chamar sua atenção elas estão tentando lidar com suas próprias frustrações e experiências, mas a diferença é que com um cérebro ainda limitado, que está se desenvolvendo e lhe pergunto adultos com emoções mal trabalhadas poderão ajudar como essa criança se eles mesmos não aprenderam a lidar com as suas decepções? Ser pai e mãe é uma das funções mais lindas que podemos exercer nessa vida, mas se não olharmos para nossas emoções interiores e curá-las somos capazes de bagunçar a vida desse pequeno ser ao invés de auxiliá-lo em sua caminhada. Seja uma pessoa melhor, senão para você, para esse pequeno indivíduo que é sua responsabilidade. Crianças, assim como qualquer outra pessoa que cruza nossas vidas, não estão aqui para satisfazer nossas vontades, estão aqui para viver a vida que lhes cabe e nos resta estarmos emocionalmente prontos, ou o mais perto possível, para saber separar isso de uma forma mais madura.

Realmente é uma tarefa que exige dedicação, sem sombra de dúvidas, além de ser uma experiência única e individual. Não sou mãe, mas tenho vivência no papel de filha e por conta dele me permiti essa viagem interna que me possibilitou ampliar meus horizontes e estar lhe escrevendo esse artigo. É meio impossível não colocarmos um pouco de nós na criação de outros indivíduos, mas acredito que você vai concordar comigo que uma pessoa que está em busca de lidar com suas próprias emoções, acolhendo e curando suas dores está muito mais atenta e alerta aos sinais, necessidades e desenvolvimento de uma criança, não é mesmo?  Longe de mim querer definir o que você deve ou não fazer quanto a criação de seu filho, o que quero abordar aqui é a importância de lidarmos com nossas emoções para ensiná-los a serem independentes e encararem da melhor forma possível as suas próprias emoções. Crianças estão sempre observando o que você faz e não o que sai pela sua boca. Se quando estamos tristes choramos e queremos atenção de quem amamos porque falaríamos a uma criança, que não tem nem ideia da onde aquele turbilhão de sensações está vindo, que ela deveria engolir seu choro? Não lhe parece contraditório? 

02 nov, 2020

Relacionamento abusivo

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Esse artigo foi pensando diversas vezes se sairia dos meus arquivos particulares para virar público por seu grau de pessoalidade. Ele é tão íntimo, mas, ao mesmo tempo, tão necessário de ser dividido que aqui está ele no blog. Hoje em dia, infelizmente, quase todos nós já sofremos algum tipo de abuso (e aqui não existem bandeiras, ok? É somente uma constatação) seja de pessoas próximas, do mesmo sexo, do oposto, físico ou emocional, em menor ou maior grau, em um relacionamento amoroso, de amizade ou profissional. Não importando como iniciou, pois, o resultado de qualquer abuso é o mesmo, marcas na nossa vida e caminhada e que temos de aprender, de alguma forma, a lidar após ocorrido. Quando sucedido o abuso o primeiro pensamento, — um das partes mais loucas disso tudo —, é: ” foi culpa minha isso ter acontecido” e pode ter certeza que o abusador vai fazer questão de frisar que realmente foi você o causador. Quem me acompanha aqui sabe, assuntos densos assim que normalmente fingimos não ver são trazidos para que possamos olhar mais atentamente para nossas vidas e questionarmos se estamos vivendo situações semelhantes ou se alguém próximo está. Pode ser ruim no primeiro momento, mas prevenir é sempre um ótimo remédio.

Bom, mas se estou trazendo essa pauta para falarmos, parecendo ter conhecimento de causa, é porque já passei por uma situação dessas, certo? É exatamente isso, e falarei sobre o que eu tenho entendimento, o que eu vivenciei não entrando profundamente no que desconheço, isso seria um erro. Já se vão sete anos que me libertei de um relacionamento abusivo, olha quanto tempo levou para que eu pudesse falar um pouco mais abertamente sobre esse assunto, têm pessoas que levam uma vida inteira e outras que nem conseguem falar sobre o tema pois se sentem responsáveis por toda dor que carregam. De repente se você não sofreu nenhum tipo de abuso (ainda bem) você pode acreditar que seja um exagero e que só está nessa situação quem quer, peço, gentilmente, que se você quer continuar a leitura se liberte de seus julgamentos ou se não consegue pare agora e vá fazer outra coisa. Pois, essa dor que menciono aqui na maioria das vezes vai além do físico, emocional e mental, ela te marca na alma. Você passa e repassa as situações em sua cabeça, muitas vezes mudando-as para trazer a culpa para si e isso pode, e vai, mexer profundamente com o equilíbrio de suas emoções. Você nunca mais é o mesmo depois de uma experiência dessas, desacreditando de você e de suas capacidades, pelo menos foi o que ocorreu comigo.

Não importa de que forma ou por qual razão você se colocou nessa situação, mas de algum jeito você se encontra fragilizado, com dúvidas e suscetível às pessoas não tão legais. Isso não tem nada de errado, pois somos seres que variamos sentimentos em pouquíssimo tempo e se uma sequência deles nos pega debilitados é um prato cheio para chegar qualquer coisa. Demorei para admitir que aquilo não era meu, mas, que por alguma razão, naquele momento, foi o que eu atraí para minha vida. Era céu e inferno em simultâneo, promessas infinitas e atitudes opostas, suspeitas infundadas incessantemente, fazendo com que me questionasse sobre meu comportamento e princípios. É jogo mental pesado sem você nem ao menos perceber por qual razão termina o dia tão exausto. Tudo seu está sendo sugado ali personalidade, espontaneidade, sonhos, sua alegria de viver. Você já deve ter ouvido sobre os ciclos que um relacionamento desses passa, não é? De qualquer forma aqui estão as três fases: “Aumento da tensão” onde o abusador tem acessos de raiva constante, fazendo ameaças e humilhando o outro. Aqui, como dito anteriormente, a pessoa abusada nega os acontecimentos e passa a se culpar pelo comportamento do violador. “Ataque violento” é quando o abusador perde o controle e materializa a tensão da primeira fase, agredindo e isso pode ser de maneira física, verbal, psicológica, moral, sexual, etc. “Lua de mel” é nesta fase que o abusador demonstra arrependimento, faz promessas de que não acontecerá novamente e busca reconciliação. Infelizmente, depois de um tempo o ciclo volta a ocorrer, muitas vezes sem obedecer à ordem destas fases¹. Não existe a mudança real.

Por estar em um momento mais vulnerável e por escutar incontáveis vezes que aquela é a melhor relação que você pode ter, muitas vezes parece impossível sair dessa, mas por experiência própria não é! É um momento de coragem que você precisa, só um! Você conseguiu chegar até aqui sem essa pessoa, parece difícil acreditar que você não conseguirá nada melhor (porque o abusador faz questão que você acredite nisso), mas você com certeza encontrará pessoas e experiências incríveis na sua vida. Se sua intuição grita para você sair (por mais que tente abafá-la), corra! Normalmente um abusador é visto como alguém muito legal pelas pessoas de fora, conseguindo enganar até os mais sagazes, mas ninguém vive sua vida, ninguém calça os seus sapatos. Jamais permaneça com alguém que sua família e amigos amam se a única coisa que você quer é vê-lo pelas costas. A vida é sua, quem vive suas experiências é você então, não deixe que ninguém influencie em suas escolhas. Por fim, acolha tudo isso e deixe ir, a lição aprendida é levada para a vida, mas você não precisa passar mais tempo nela para aprender. Por alguma razão essa experiência cruzou seu caminho, você tem uma parcela sobre isso, mas é sua responsabilidade sair dela também. Junte forças, peça ajuda (às vezes você disfarça tão bem que as pessoas ao redor nem imaginam), mas não fique nem mais um segundo em um lugar que faça você duvidar de si mesmo e te faça sentir medo. Isso não é vida.


P.S. Aqui eu abordei a minha experiência, sendo um relacionamento amoroso, mas como dito no artigo pode ser em qualquer relação, e às vezes muito mais sutil do que podemos imaginar. Esteja atento e alerta, pois as relações que mantemos devem ser leves e trazer o melhor de nós, se alguma próxima a você está fazendo o oposto a isso, repense-a.

¹Fonte: http://www.saopaulo.sp.leg.br/mulheres/ciclo-da-violencia-domestica-saiba-como-identificar-as-fases-de-um-relacionamento-abusivo/

05 jun, 2020

As emoções e o corpo humano

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Você com toda certeza já deve ter visto a força da água agindo, seja no mar quando a onda quebra, em um rio desaguando ou até mesmo em uma cachoeira, e de todas as formas percebe-se que ela precisa ir, fluir, dar vazão e continuidade ao seu curso natural mesmo que tenha que levar o que estiver em sua frente. Assim como você já deve ter observado que, quando se tenta segurá-la, pará-la, é quase impossível, não há muito o que se possa ser feito, pois a água acha ou vai em busca de uma forma de contornar seu obstáculo e continuar seu caminho e direção. Esse é um artigo sobre a ligação entre nossas emoções e o corpo humano, também trazendo à luz o quanto freá-las ou não as escutar pode trazer resultados significativos a nós mesmos.

Não demonstre muito suas emoções, guarde-as, lide sozinho com elas, engula em seco quando aquele chefe falar que não era isso que ele queria mesmo você dando o seu melhor, não chore na frente dos outros e se possível não chore, não fale exatamente o que você quer para não magoar as pessoas, elas podem ir embora, seja o mais agradável possível mesmo que não esteja fazendo aquilo por vontade própria, “aguente no osso” quando falarem algo que machuca você. Essa foi a postura que muitas vezes nos foi passada como um manual de agir em meio ao grupo, de que demonstrar vulnerabilidade é sinônimo de fraqueza, logo, fuja o mais rápido que conseguir. Quanto equívoco, quanta visão distorcida, quantas consequências para se lidar ao tomar essas ações como devidas. Corpo e emoção totalmente separados, caminhando de formas independentes, por muito tempo se acreditava que se lidava dessa forma. Cuido do meu corpo com alimentação adequada, tomo água, faço exercícios e minhas emoções vou lidando com elas conforme forem aparecendo, uma ou outra situação que deixei passar, outra oportunidade que não sabia como lidar e me calei, mas tudo totalmente superado. Será?

Assim como na cachoeira, no mar, no rio, em que a água tem de fluir, dentro de nós não é diferente, nunca houve uma separação entre corpo e emoção, muito pelo contrário, são duas ferramentas que trabalham em conjunto, muitas vezes se misturando uma a outra. Nossas emoções não faladas, não enfrentadas, engolidas em seco, vão querer ser ouvidas de alguma forma e em algum momento – não esqueça, a água precisa fluir, seguir seu trajeto –, enquanto ela não for vista e receber a atenção que merece, irá reivindicar você. Existe a ciência interdisciplinar chamada psicossomática que une especialidades da medicina e da psicologia abordando doenças que têm origem no psicológico, e na alma, e que geram consequência no corpo físico. Cada sentimento não observado, escutado e ressignificado atinge diretamente uma parte do corpo, um órgão em particular. Ele começa dando sinais sutis, como uma dor de cabeça ou uma dor de garganta, por exemplo, e você automaticamente acredita que um remédio irá ajudá-lo e vida que segue, realmente isso acontece, mas isso nada mais é que uma forma de mascarar algo que pede sua atenção, porém, não buscamos ir atrás disso, queremos resolver a dor incômoda e ir em frente. Quanto menos observamos, mais forte ela vem, solicitando atenção, e vamos postergando, deixando para depois sem imaginar que pode agravar.

Pode ser que você nunca tenha parado para pensar sobre esse assunto, mas comece a observar seu corpo quando você faz algo totalmente contra o que realmente quer, a dor, seja de estômago, seja uma irritação que vem e você não sabe o porquê, quando você não fala aquilo que está entalado na garganta, logo em seguida vem uma dor naquela região e aí você pensa: “É por causa do inverno, é normal isso acontecer nessa época!”, e por essa linha você segue tentando enganar a sua cabeça, mas seu corpo sabe exatamente a razão de aquilo estar acontecendo. Ele busca formas de chamar sua atenção àquela emoção diretamente ligada a ele, mas como há tanto barulho passa batido, remédio para dentro e tudo vai ficar certo; sinto lhe dizer, mas não vai. Uma dor de cabeça pode sim acontecer por horas na frente do computador, mas, se ela se apresenta todos os dias, olhe de forma diferente, pois pode ser que exista algo além do superficial. O mesmo ocorre com uma dor recorrente em outra parte do corpo, não tente calá-la na primeira oportunidade, entenda e vá a fundo, qual a raiz dessa dor, que emoção está ligada a esse órgão. Por que falo sobre esse assunto?


Por experiência própria, eu não tenho um órgão. “Ah, mas é a vesícula, muita gente tira, relaxa!” Será mesmo que é de se relaxar? Sabe qual a emoção ligada a ela? A raiva. Eu precisei perder um órgão para ir na raiz do que me despertava aquele sentimento tão forte e que se fez tão presente durante boa parte da minha vida a ponto de parar de funcionar, começou a enfraquecer e não mais fazer seu serviço. Eu não tenho um filtro de raiva agora, e quando a sinto quem cuida dela? Outros órgãos ficam sobrecarregados quando um para de funcionar, e é por essa razão que decidi trazer esse assunto. Não deixe chegar no limite do seu corpo para dar atenção e vazão as suas emoções. Olhe-as, permita-se sentir com todo o seu corpo, que elas fluam e assim possam ir como a água que precisa seguir sua direção. Emoções foram feitas para serem sentidas, entendidas e liberadas, não para serem evitadas, seguradas ou caladas, pois elas de fato nunca o são, se você não as encarar, pode ter certeza de que vão achar uma forma de fazer com que você as perceba, e pode não ser assim tão agradável.