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Posts arquivados em Tag: Fases do despertar

22 Maio, 2020

Em que momento do despertar estou? Fase 3 – Abrir os olhos

Um dos olhos na foto multicolorido
Se preferir, ouça o artigo

Chegamos à fase número 3 do nosso “Em que momento do despertar estou?”. Se você ainda não leu o primeiro e o segundo, aconselho você a ler (Estão aqui e aqui). Lembrando sempre que essa timeline que estou montando junto com você diz respeito a minha caminhada desde o início, e se a sua não se parece nenhum pouco está tudo bem, viu? Nada de desesperos por aqui. Mas de qualquer forma lhe sugiro seguir acompanhando, pois sempre há possibilidade de alguma experiência, dica ou comentário servir para o seu momento presente. Às vezes temos a presunção de ter todas respostas e saber o que estamos fazendo sem querer dar o braço a torcer, e normalmente é o ego falando. É importante estar sempre alerta, pois nosso ego está na espreita querendo ser ouvido, sempre achando que tem razão, aquele ali é rápido, e se você dá o braço ele já quer logo a perna, danadinho. Aproveito para já mencioná-lo e desmistificar essa ideia de que ele é de todo mau, pois nada é, tudo depende da conotação que damos. Se o visualizar, sendo você o observador, há sempre uma oportunidade de aprender, pois quando consegue entender que não é ele e que o querido é tão somente uma voz – chata, eu sei – querendo tirar sua atenção, você mais uma vez deu um passo além, pois percebê-lo é o início da oportunidade de não mais se identificar com ele. Isso é papo para um próximo artigo, então vamos deixar para depois.

Já passamos pela fase do luto/aceitação – que é a inicial –, a da sincronicidade, e agora adentramos na que eu chamo de “Abrir os olhos”. “Mas estou de olhos abertos, tanto que estou lendo esse texto”… Bem, não é bem por aí, vamos aprofundar no assunto para entendermos melhor. Meus olhos a maior parte do tempo estiveram mais fixados em páginas, eletrônicos, buscando coisas belas e habituados a cores e visões normais do dia a dia. Costumo dizer que com um véu por cima deles. Sempre adorei admirar o céu à noite, ver a Lua, as estrelas, na esperança de ser agraciada com uma cadente, mas nada além disso. Pois bem, tenho a lhe contar aqui nesta parte que foi nesse aspecto que percebi uma enorme diferença, a partir do meu despertar, no meu sentir e olhar. O céu começou a me parecer cada vez mais bonito, acompanhar o entardecer, as fases da Lua, mesmo que fosse da janela do apartamento, se tornou meu novo hobby, pois aquilo me parecia tão poderoso fazia eu me sentir, de alguma forma, conectada com todo aquele presente que o universo dá a quem está disposto a contemplá-lo. Passei a esperar por esses momentos, acordar mais cedo para ver as diferentes colorações do Sol raiando, e sempre que possível chamava meus pais para ver os entardeceres e o nascer da Lua.

Sim, já comentei com você que eles começaram a achar que eu estava estranha, porém uma estranha mais aberta, mais calma e receptível, mas ainda ficavam um pouco preocupados com o fato de que eu passava muito tempo sozinha e saía do quarto para comentar alguma sincronicidade com minha mãe, ou curiosidade que havia descoberto. Ela me olhava com uma cara de “me explica mais” mesmo que não entendesse nada do que eu falava, e meu pai sempre levantava do sofá para ir ver a Lua para que eu parasse de chamá-lo. Voltava reabastecida depois desses instantes de contemplação e comecei a perceber o quanto as cores estavam muito mais vivas, o quanto era lindo o revoar dos pássaros se recolhendo, tudo ali à nossa disposição e, melhor, de graça, nunca havia dado o devido valor.

Passei a admirar, além do céu, as flores, a perfeição da natureza funcionando, e meu olhar começou simplesmente a mudar e a apreciar os pequenos detalhes. O véu caiu, e depois que cai não há mais volta, tudo ao seu olhar é incrível, como um presente poder presenciar. Eu sentia com o coração tudo aquilo, me tocava de uma forma profunda e aquecia algo dentro de mim. Pode parecer meio sem sentido se você não teve esse momento, mas sei que quem passou por essa fase vai se identificar, sabe aquilo de se emocionar vendo o entardecer da beira da praia? É, isso acontecia.

Essa fase marcou muito dentro e fora de mim, e por isso ela está aqui descrita em detalhes. Sigo amando contemplar a natureza, o mar, o céu e tudo o que normalmente, por causa da correria da rotina, passavam despercebidos por mim e meus olhos fechados. Se você ainda não passou por essa experiência, permita-se vivenciar algum desses momentos de manifestação da natureza, bem descansado, sem pressa ou pressão, e deixe seus olhos irem para onde forem guiados e, onde decidirem repousar, fique ali observando seus mínimos detalhes, não há desculpas, de onde você esteja é sempre possível olhar para cima. Se você não é uma pessoa diurna, e não quer ver o nascer do Sol, se programe para ver o pôr do Sol ou pesquise na internet o horário do nascimento da Lua e aprecie isso com o coração aberto, você vai sentir a conexão, é inevitável, além de se perguntar por que não tinha feito antes. Quando assentimos esse contato percebemos como somos pequenos e a natureza é perfeita. Chega, senão vocês vão me achar muito fora da casa e não vão voltar para ler o próximo artigo, que diz respeito a uma fase que vivi simultaneamente a abrir os olhos, o isolamento. Vejo você por lá.

P.S.: Mas quem se permitiu fazer isso me conte aqui se não sentiu uma sensação maravilhosa.

18 Maio, 2020

Em que momento do despertar estou? Fase 1 – Início da jornada

Mulher na cama ao despertar.
Se preferir, ouça o artigo.

Senti de falar um pouco sobre esse assunto por aqui. Já havia dado anteriormente algumas pinceladas sobre minha caminhada, mas acho que vale o desmembramento de uma forma mais detalhada. O foco do Inspirações da Musa sempre foi para você, que está na caminhada do despertar, perceber que não está só, e senti que me distanciei um pouco, por isso voltemos. E como podemos mostrar para uma pessoa que não há nada de errado com ela e suas dúvidas? Mostrando as suas, se abrindo e revelando que todos nós passamos por momentos de tensão, de isolamento, de achar que não está “batendo muito bem da cabeça”, de sentir-se só até que as coisas comecem a fazer um pouco mais de sentido e você aceite e entenda que é uma nova pessoa. Pensei, assim, em fazer uma timeline da minha caminhada, transmitir como as coisas foram se desenrolando. Isso não é um passo a passo, até porque isso não existe quando estamos falando de despertar, com cada um acontece à sua maneira, e a sua causa podem ser diversos fatores. Apenas fique receptível para perceber se você se identifica com uma ou algumas das fases ou se está sentindo tudo isso de forma distinta, o que também é possível. Esse será o primeiro de uma série de artigos sobre as fases do despertar.

Primeiramente, é necessário situá-lo de que antes de embarcar nesse mundo de descobertas do meu eu a situação era bem diferente na minha forma de ver a vida. Já fiz uma mescla de vários pontos em alguns textos, porém quero ir um pouco além aqui. Tenho com isso a intenção de mostrar que cada um de nós pode despertar, não existe um mais propenso que outro, basta o sentir e o querer. Bem, meu negócio eram livros de romance, filmes de romance, séries, sites de fofoca, conversas sobre pessoas, comparações e muito foco na minha imagem e no externo, a famosa ideia de que para parecer ser você tem que ter, isso me acompanhou durante anos e acreditava que tudo se encaixaria por si só no fluxo normal da vida. Pode ser que eu vivesse em um mundo de ilusão? Pode, mas chegou um momento em que ele colapsou, comecei a me ver perdida do todo e de mim, me distanciava cada vez mais da pessoa que eu queria ser e nem percebia isso, tive que me reestruturar.

Estava sentindo que as coisas não estavam se fechando entre minha cabeça e meu coração, quase nada fazia sentido, muitas dúvidas pairavam sobre a minha mente, mas a teimosia faz a gente levar um tempo até entender que alguns aspectos estão fora de compasso. Não sabia o que era o desconforto que me acompanhava e nem por onde começar a mudá-lo. Desistir de morar no México – que era o plano, há anos – e voltar ao Brasil já foi uma atitude estranha para mim, mas não sei lhe dizer, sabia que tinha de ser feito. A partir dali as coisas se intensificaram. Uma das influências do retorno era um relacionamento da época, que meses depois acabou. Normalmente as pessoas acreditam que o processo do despertar tem de ser pela dor, mas isso não é uma regra. Há pessoas que são mais sensíveis e percebem os sutis indícios de que algo está diferente em si e ao seu redor e começam sua caminhada de forma mais suave, tranquila, sem ter de passar um grande trauma ou dor. Não foi o meu caso, a galera do despertar percebeu que para me tirar de onde eu estava – por mais que já estivesse me sentindo incomodada – ia precisar tirar o meu chão. E foi o que aconteceu, os três meses seguintes foram de uma intensidade tão profunda que eu posso dizer que eu morri e renasci nesse período.

Foi uma conjunção de fatores que fizeram com que aquele tempo tenha sido de verdade sombrio. Não saber claramente meu rumo na vida, a forma como me cobrava por ter feito um curso superior que já não queria mais seguir, dúvidas, inseguranças, ficava me questionando onde eu estava nos últimos anos que fiz tantas péssimas escolhas. Veio tudo de uma vez só, tudo ali na minha frente desmoronando – e eu junto –, sem força de segurar mais nada. Pense em semanas acordando e dormindo chorando, e no ínterim também, debatendo com meus pais como eu poderia ter feito diferente. Eu vivia um luto, naquele momento acreditava ser da separação, mas tendo um melhor entendimento depois percebi é que doía tanto porque a Josiane estava morrendo – era a única forma que conhecia de ser –, e eu mesma estava matando ela, por querer. Pense o quanto é profundo isso? Para você ser o que quer ser você tem que matar quem era e nem sempre isso é tão fácil. Se você está passando por essa fase, entenda que é difícil mesmo, estamos apegados àquela forma que conhecíamos a vida inteira, e nos jogarmos no vazio com os olhos vendados sem nenhuma certeza, essa é a impressão, é um pouco assustador, mas não tente voltar, porque aliás não há como voltar, continue firme em frente. Você consegue.

Não tinha motivo forte o suficiente que me tirasse de casa, não queria ver o Sol, não queria interagir, nem com minhas amigas da época. Começou a me sobrar tempo, e já tinha resolvido não mais remoer o passado, então me restou ir para o único lugar que tinha sobrado, para dentro de mim. Vale ressaltar que eu ainda não tinha percebido o que estava acontecendo, pois essa forma de agir perante as situações era a minha habitual, não tinha nada de novo até ali, mas aqueles momentos sozinha começaram a ser mais importantes que qualquer outro momento do dia e eu estava voltando a me sentir um pouco animada.

Foi assim que iniciaram as meditações, que em pouco tempo se tornam hábito diário, uma coisa que lia me levava a outra e mais formas de me conhecer, me identificando com o que as pessoas que eu lia falavam ou escreviam, me aprofundando naquilo tudo que parecia fazer muito sentido. Eu ainda não conseguia ter a dimensão de para onde estava indo, mas estava cada vez mais claro que aquela Josiane da vida inteira tinha partido de vez, por mais que buscasse não encontrava mais ela em lugar algum e aceitei que a partir de então teria que me redescobrir. É animador contar isso porque pode parecer dolorido – e foi –, mas foi uma benção, sabe? Então, se você de alguma forma se viu nessa história ou está sentindo um vazio aí dentro, algo incomoda você e não consegue identificar o que é, fique um pouco mais atento ao que tem chegado a você, pode ser uma conversa, uma pessoa, uma ideia que surja de repente, permita-se ficar mais disponível e aberto para aquilo que está querendo se aproximar – ou até mesmo se afastar, que pode acontecer. E se tiver que ser doido, não evite, encare com firmeza e, se sentir que precisa de ajuda, não hesite em pedi-la.