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11 Maio, 2020

Qual a necessidade de impor seu entendimento às pessoas?

Foto em preto e branco com homem gritando
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Escrevi há poucas semanas ( VOCÊ JÁ FEZ UM BALANÇO DO QUE APRENDEU NESTE PERÍODO DE QUARENTENA?) sobre a ideia de sairmos diferentes/melhores deste período de quarentena, mas confesso que, acompanhando as notícias e o que está acontecendo no mundo real, essa esperança vem deixando de crescer. Achei de valia abordar esse assunto, e nesta pauta convido você, que sentir de comentar, ficar à vontade de manifestar sua opinião. Qual a real necessidade de impor seu entendimento às pessoas?

Se há tanto sendo falado e repercutido na ideia de nos olharmos, de viajarmos para dentro, de nos descobrirmos nesse período, então por que razão estamos cada vez mais julgadores e apontando ainda mais para as atitudes dos outros que são diferentes das nossas? Por que crucificar os outros por não estarem agindo conforme o solicitado? Se cada um cuida de si, por que encher suas redes sociais tecendo comentários ou indiretas para aqueles que não compactuam com você? O que faz você acreditar que é o dono da verdade?

Ok, foi dito para não sair de casa, para quem fosse possível trabalhar do seu lar e evitar ao máximo o contato com outras pessoas e aglomerações. Você, que tem esta oportunidade, está fazendo a sua parte, que ótimo, sente-se cumprindo seu papel, satisfeito, dentro do possível, com seu senso de responsabilidade. Porém, se o coleguinha está saindo – mesmo tendo a opção de ficar em casa –, fazendo atividades externas, como se nada estivesse acontecendo, você automaticamente se irrita, o julga, xinga e se fosse possível até o denunciaria. Você está agindo conforme o solicitado e aquela pessoa não parece estar nem aí, não é possível! Mas agora vamos pensar juntos aqui: quando você denigre, critica, aponta, você acredita estar acima daquela situação, achando que é melhor para fazer isso, certo? Qual sua intenção aí: você quer realmente ajudar ou quer sentir-se bem consigo mesmo estando do lado dos “certos” e martirizar os “errados”?


É duro, mas a realidade é que cada um sabe e cuida de si! Querer mudar o mundo impondo a nossa forma de encarar a vida só nos demanda energia, nos desgasta e surte muito pouco efeito. Se ensinamos através do exemplo, por que razão acreditamos que disseminar ódio nos outros vai resultar em algo? Aliás, será que queremos a mudança ou só nos posicionarmos de alguma forma? Se para você está claro que não deve sair de casa e tem consciência do que está fazendo por você, sua família e pela sociedade, maravilha, mas é necessário aceitar que existem pessoas que não têm a clareza que você tem e não veem as coisas da mesma forma que você, ponto. Fazer o que acha certo não torna você o juiz soberano sobre o mundo, mas lhe traz paz e consciência tranquila, e é com isso que você tem que se preocupar. Faça a sua parte, esteja atento com suas atitudes, olhar para o lado e apontar dedos é perda de tempo, além de não trazer efeitos concisos na maneira do outro agir. As pessoas não mudam por você, elas mudam quando e porque querem.


Use esse momento de confinamento obrigatório para melhorar como pessoa, se preocupando e se ocupando com as únicas coisas sobre as quais você tem controle, sua consciência e suas atitudes. Evoluir é sua responsabilidade, manter os outros em casa, não. Somos partes de um todo, mas para completar esse todo precisamos estar inteiros com a gente mesmo e isso inclui olhar nossos julgamentos e também os nossos telhados de vidro. A caminhada é longa e nós podemos tropeçar ali na frente exatamente em algo que acabamos de repreender. Sei que é um período delicado e instável, para todos nós, com uma variação enorme de humores, sentimentos e questionamentos, mas busque olhar para si e encontrar a melhor forma de lidar com isso, sem necessidade de olhar para fora e julgar. Liberte o outro de pensar e agir como você.