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06 out, 2020

Porque fiquei sem escrever

Mulher sentada em um tronco de árvore
Se preferir, ouça o artigo

Acho que quem acompanhava o blog antes viu que eu escrevia três vezes por semana, e há um artigo mencionando que assim o seria, mas também deixei em aberto caso houvesse necessidade/vontade de mudar e foi o que aconteceu. Em um dado momento me senti cansada e cobrada, por mim mesma, para escrever com frequência, manter uma entrega ótima e dar conta das coisas do dia-a-dia. Percebi que estava ficando ansiosa com toda a função de escrever os artigos, buscar imagens, revisar, gravar o áudio em um momento que não houvesse barulhos externos – em algumas situações mais de três, quatro, cinco tentativas – dois dias de descanso e vamos tudo de novo. Senti que estava em um fluxo que não me deixava satisfeita, o fluxo de energia não se completava percebia-o saindo e sem retorno. Parei, me vi triste e parecia que aquilo tudo já não me trazia entusiasmo, me permiti sentir, entender o porque não estava mais fluindo da forma como antes e sem previsão de volta me deixei levar por mais essa oportunidade de me conhecer.


Juntamente a isso, a minha avó paterna faleceu, ela já estava doente mas se tem algo que não adianta o que façamos nunca estaremos preparados é para essa visita. Minha avó era de uma simplicidade mas ao mesmo tempo transbordava um conhecimento tão único, o da vida. Estar perto dela era estar em casa, Dona Cleonice tinha uma capacidade de nos trazer de volta a realidade da vida, mostrando muitas vezes, sem mesmo querer, aquilo que realmente tem importância. Ela foi uma mulher com uma força que eu jamais vi, e não digo só emocional, era física mesmo, ela era um tanque, só tive noção disso quando estava crescida. Era maravilhoso acompanhá-la cozinhando, era como se ali estivesse acontecendo uma alquimia e o sabor? Quando fecho os olhos, ainda posso sentir. A emoção que ela transmitia quando costurava era de paixão e entrega e percebo agora o quanto ela estava presente enquanto se esmerava em suas bainhas. Minha avó viveu umas cinco vidas só nessa e eu senti que precisava me silenciar para reconectar um pouquinho com essa força que veio para mim por DNA. O momento não era de escrita e sim de sentir, só sentir.


E por que estou dividindo algo tão particular com você? Porque minha intenção aqui é sempre ser sincera com quem me acompanha, compartilhar minhas experiências e mostrar, mais uma vez, que também tenho meus altos e baixos e minhas inseguranças. Mesmo abordando com frequência em meus artigos sobre respeitarmos nosso tempo, sobre lidar com nossa mente sabotadora – no meu caso a Cláudia -, quando me apercebi havida sido pega novamente por um gatilho e cedi a ele. Essa é uma oportunidade tanto para mim quanto para você que lê isso percebermos que não estamos sozinhos nestas situações, elas SEMPRE irão acontecer por mais que acreditemos estar preparados, basta um descuido e o cenário pode se transformar e ficar denso. A Cláudia tomou conta, mas desta vez não cedi ao ímpeto de tentar afastá-la e a convidei a ficar e buscar entender por qual razão ela tenta me desmotivar das coisas que me fazem bem. Muitas vezes, para entender o que acontece nesses ciclos repetitivos, a raiz de tudo, é necessário olhar para lugares não muito convidativos e bastante doloridos dentro de nós mesmos e isso pode ser deveras intenso e desagradável.

Assim que algumas áreas foram sendo analisadas e aceitas, a vontade de escrever foi voltando devagar como se sentisse mais confortável para sair da onde havia lhe escondido. Esse período foi ótimo para fazer um balanço, avaliar alguns pontos, me abrir para me reconhecer em outros aspectos e entender que temos necessidades de pausas. Posso lhe dizer que agora as coisas estão um pouco mais claras, porém, caso seja necessária uma nova interrupção ela será muito bem-vinda e acolhida como algo natural da caminhada pois tudo é.  Vou lhe dizer mais, olhando agora para esse período, percebi que só o aceitei por estar sempre tentando me ouvir e me conhecer e isso é valioso. Não tenho como determinar a melhor forma de você alinhar essa comunicação consigo mesmo, pois eu também corto um dobrado para apurar a minha, mas posso lhe garantir que você é o único que pode fazer isso por si. Eu poderia ter seguido escrevendo sobre vários outros assuntos mais abstratos, mas qual graça teria se não fosse verdadeira por aqui? Compartilho e divido percalços da minha caminhada mas que poderia tranquilamente ser a sua ou a de qualquer pessoa. Não tenho vergonha nenhuma de admitir meus altos e baixos, o importante é seguir em frente. Tenha orgulho da sua caminhada e faça ela por você.

Josiane

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4 Comentários

  • Ana Luise
    novembro 16, 2020

    Obrigada por voltar. Obrigada por dividir tamanha intimidade e parabéns pela confiança de deixar a Claudia entrar. Um abraço apertado e boa inspiração

    • Josiane
      Josiane
      novembro 17, 2020

      Ana, que bom lhe ver por aqui!

      Às vezes se faz necessário mostrarmos nossas vulnerabilidades para que as pessoas vejam que não estão sozinhas nessa caminhada. Realmente, deixar a Cláudia entrar exige que estejamos querendo ir além e o que posso dizer é que é vale a pena.

      Obrigada você por se fazer presente aqui.

  • Juliana
    outubro 06, 2020

    Inspirador como sempre!! Que bom que voltou a escrever 🙂

    • Josiane
      Josiane
      outubro 07, 2020

      Olá, Juliana.

      Fico muito feliz de receber esse comentário e de você me acompanhar por aqui. Espero que continue. 😊

      Um grande abraço