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09 nov, 2020

Viva e deixe morrer

Se preferir, ouça o artigo.

Senti de trazer esse tema para discutirmos a importância de encerrarmos ciclos. Em um artigo anterior abordei o quanto nós sofremos por não deixarmos ir, sejam situações, momentos ou pessoas. Somos seres apegados e esse é um dos nossos maiores pontos fracos, digamos assim. Rapidamente nos afeiçoamos, encontramos pessoas com gostos em comum e já nos sentimos próximos, nos acostumamos facilmente com as situações e quando percebemos nos acomodamos. Muitas vezes na busca de nos encaixarmos, acabamos por tentar nos moldar ao ambiente entortando a nós mesmos para não ter de admitir que de repente aquele lugar já teve seu tempo finalizado na nossa história e o mesmo acontecem com nossas relações. Ciclos existem para terem suas fases vividas e encerradas. Muitas vezes é dolorido, sofrido, triste, mas muito em razão de não permitirmos que aquilo finalize e abra espaço para que o novo possa vir. Não, isso não é frieza, indiferença ou qualquer outra palavra que busque em seu vocabulário para dizer que isso é errado ou ruim. Meu contraponto é que o não libertar faz com que tudo fique estagnado, sendo a área que for da sua vida.

Escorpianos têm como característica própria a capacidade de transformação isso é de metamorfosear, seja de ambientes, lugares ou ele mesmo para se ajustar ao ser humano em construção que ele está buscando ser. Pode ser que em razão desse aspecto intrínseco consiga lidar um pouco mais facilmente com encerramentos, mas todos nós já passamos por situações desafiadoras em nossas vidas que nos exigiram encerrar ciclos — ou situação —, que precisavam ser finalizadas, todos temos essa capacidade. Seja de forma inata ou se dedicando para que ela se torne mais natural em nossas vidas. Encerrar e iniciar ciclos é isso, é deixar ir aquele velho ambiente conhecido para desbravar o novo que pode e, muito, lhe ajudar nos próximos passos a dar. Entenda, isso não é maldade, mas nada foi feito para durar para sempre, se você todo dia que acorda está um pouco diferente de ontem o que lhe leva a crer que as situações e pessoas ao seu redor devem ser sempre as mesmas? Aceitar o fim dos ciclos é se libertar das cargas que não fazem mais sentido, é fazer as pazes com o que já foi aprendido, é se abrir para o novo, incluindo você.

Em uma parte do livro que estou lendo atualmente algumas perguntas me chamaram a atenção e trago – as aqui para fazer você refletir também. “Ao que eu preciso dar mais morte hoje, para gerar mais vida? O que eu sei que precisa morrer, mas hesito em permitir que isso ocorra? O que deveria morrer hoje? O que deveria viver? Se não for agora, quando?”¹. Temos dificuldade de entender que a morte não é somente de nossos corpos físicos no final de nossa vida terrena, a morte deve acontecer diariamente para que possamos viver novas experiências e em maior sintonia com quem estamos nos tornando. A morte não é ruim, — lembra que já comentei que tudo é questão de perspectiva? — Eu agradeço pela morte de partes da Josiane, todos os dias, partes que já não fazem sentido permanecerem e querer mantê-las, percebi, era nada mais que apego. O morrer, assim como o viver, são naturais a todas as espécies, que comecemos a tratar estas questões com maior sutileza, pois essa é a ordem natural de todas as coisas.

Se faça essas perguntas com frequência, você está se movimentando em direção ao que deseja ou se apegando ao conhecido mesmo que lhe faça mal pelo medo de soltar? Olhando para trás você se vê muito como a pessoa que era, sem muitas mudanças? Se a resposta for sim, se questione ao que está se apegando, que parte sua não deixa morrer para que uma nova possa renascer? Expanda isso para sua vida na totalidade e preste atenção ao que surgir. Seja sua prioridade sempre! Quanto mais questionamentos você faz a si mesmo maior conhecimento tem sobre si e essa é a sua ferramenta mais valiosa, a que mais lhe exige, mas a que mais lhe dá retorno. Toda indagação que nos fizemos já temos a resposta, porém, muitas vezes não queremos admiti-la, pois isso exigirá, possivelmente, que matemos uma parte de nós, muitas vezes aquela mais conhecida a nossa base e a que temos maior convicção sobre. Todavia quanto mais seguros estamos sobre algo mais a vida vem e nos mostra que isso é uma ilusão e que precisamos nos reinventar para seguirmos fiéis a quem mais importa, nós mesmos.


¹ ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com lobos – 1ª Edição . Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

02 nov, 2020

Relacionamento abusivo

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Esse artigo foi pensando diversas vezes se sairia dos meus arquivos particulares para virar público por seu grau de pessoalidade. Ele é tão íntimo, mas, ao mesmo tempo, tão necessário de ser dividido que aqui está ele no blog. Hoje em dia, infelizmente, quase todos nós já sofremos algum tipo de abuso (e aqui não existem bandeiras, ok? É somente uma constatação) seja de pessoas próximas, do mesmo sexo, do oposto, físico ou emocional, em menor ou maior grau, em um relacionamento amoroso, de amizade ou profissional. Não importando como iniciou, pois, o resultado de qualquer abuso é o mesmo, marcas na nossa vida e caminhada e que temos de aprender, de alguma forma, a lidar após ocorrido. Quando sucedido o abuso o primeiro pensamento, — um das partes mais loucas disso tudo —, é: ” foi culpa minha isso ter acontecido” e pode ter certeza que o abusador vai fazer questão de frisar que realmente foi você o causador. Quem me acompanha aqui sabe, assuntos densos assim que normalmente fingimos não ver são trazidos para que possamos olhar mais atentamente para nossas vidas e questionarmos se estamos vivendo situações semelhantes ou se alguém próximo está. Pode ser ruim no primeiro momento, mas prevenir é sempre um ótimo remédio.

Bom, mas se estou trazendo essa pauta para falarmos, parecendo ter conhecimento de causa, é porque já passei por uma situação dessas, certo? É exatamente isso, e falarei sobre o que eu tenho entendimento, o que eu vivenciei não entrando profundamente no que desconheço, isso seria um erro. Já se vão sete anos que me libertei de um relacionamento abusivo, olha quanto tempo levou para que eu pudesse falar um pouco mais abertamente sobre esse assunto, têm pessoas que levam uma vida inteira e outras que nem conseguem falar sobre o tema pois se sentem responsáveis por toda dor que carregam. De repente se você não sofreu nenhum tipo de abuso (ainda bem) você pode acreditar que seja um exagero e que só está nessa situação quem quer, peço, gentilmente, que se você quer continuar a leitura se liberte de seus julgamentos ou se não consegue pare agora e vá fazer outra coisa. Pois, essa dor que menciono aqui na maioria das vezes vai além do físico, emocional e mental, ela te marca na alma. Você passa e repassa as situações em sua cabeça, muitas vezes mudando-as para trazer a culpa para si e isso pode, e vai, mexer profundamente com o equilíbrio de suas emoções. Você nunca mais é o mesmo depois de uma experiência dessas, desacreditando de você e de suas capacidades, pelo menos foi o que ocorreu comigo.

Não importa de que forma ou por qual razão você se colocou nessa situação, mas de algum jeito você se encontra fragilizado, com dúvidas e suscetível às pessoas não tão legais. Isso não tem nada de errado, pois somos seres que variamos sentimentos em pouquíssimo tempo e se uma sequência deles nos pega debilitados é um prato cheio para chegar qualquer coisa. Demorei para admitir que aquilo não era meu, mas, que por alguma razão, naquele momento, foi o que eu atraí para minha vida. Era céu e inferno em simultâneo, promessas infinitas e atitudes opostas, suspeitas infundadas incessantemente, fazendo com que me questionasse sobre meu comportamento e princípios. É jogo mental pesado sem você nem ao menos perceber por qual razão termina o dia tão exausto. Tudo seu está sendo sugado ali personalidade, espontaneidade, sonhos, sua alegria de viver. Você já deve ter ouvido sobre os ciclos que um relacionamento desses passa, não é? De qualquer forma aqui estão as três fases: “Aumento da tensão” onde o abusador tem acessos de raiva constante, fazendo ameaças e humilhando o outro. Aqui, como dito anteriormente, a pessoa abusada nega os acontecimentos e passa a se culpar pelo comportamento do violador. “Ataque violento” é quando o abusador perde o controle e materializa a tensão da primeira fase, agredindo e isso pode ser de maneira física, verbal, psicológica, moral, sexual, etc. “Lua de mel” é nesta fase que o abusador demonstra arrependimento, faz promessas de que não acontecerá novamente e busca reconciliação. Infelizmente, depois de um tempo o ciclo volta a ocorrer, muitas vezes sem obedecer à ordem destas fases¹. Não existe a mudança real.

Por estar em um momento mais vulnerável e por escutar incontáveis vezes que aquela é a melhor relação que você pode ter, muitas vezes parece impossível sair dessa, mas por experiência própria não é! É um momento de coragem que você precisa, só um! Você conseguiu chegar até aqui sem essa pessoa, parece difícil acreditar que você não conseguirá nada melhor (porque o abusador faz questão que você acredite nisso), mas você com certeza encontrará pessoas e experiências incríveis na sua vida. Se sua intuição grita para você sair (por mais que tente abafá-la), corra! Normalmente um abusador é visto como alguém muito legal pelas pessoas de fora, conseguindo enganar até os mais sagazes, mas ninguém vive sua vida, ninguém calça os seus sapatos. Jamais permaneça com alguém que sua família e amigos amam se a única coisa que você quer é vê-lo pelas costas. A vida é sua, quem vive suas experiências é você então, não deixe que ninguém influencie em suas escolhas. Por fim, acolha tudo isso e deixe ir, a lição aprendida é levada para a vida, mas você não precisa passar mais tempo nela para aprender. Por alguma razão essa experiência cruzou seu caminho, você tem uma parcela sobre isso, mas é sua responsabilidade sair dela também. Junte forças, peça ajuda (às vezes você disfarça tão bem que as pessoas ao redor nem imaginam), mas não fique nem mais um segundo em um lugar que faça você duvidar de si mesmo e te faça sentir medo. Isso não é vida.


P.S. Aqui eu abordei a minha experiência, sendo um relacionamento amoroso, mas como dito no artigo pode ser em qualquer relação, e às vezes muito mais sutil do que podemos imaginar. Esteja atento e alerta, pois as relações que mantemos devem ser leves e trazer o melhor de nós, se alguma próxima a você está fazendo o oposto a isso, repense-a.

¹Fonte: http://www.saopaulo.sp.leg.br/mulheres/ciclo-da-violencia-domestica-saiba-como-identificar-as-fases-de-um-relacionamento-abusivo/

26 out, 2020

Aprenda a esquecer

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E já começo lhe admitindo que para mim também é extremamente desafiador internalizar e executar essa nota. Como nos esquecermos de algo ou alguém que nos machucou, que nos decepcionou, que nos deixou em algum momento que mais precisávamos? Eu sei, não é nada confortável até de lembrarmos de algumas situações doloridas e se ocorridas há pouco o nó na garganta se torna inevitável, pois ainda não se desfez e por vezes carregamos anos por não conseguirmos deixar ir e sabe por que é tão difícil esquecer? Pela forma em que observamos e lidamos com as circunstâncias, nos tirarmos do lugar de vítimas, que nós mesmos nos colocamos, exige maturidade, coragem de olhar de frente e admitir que também temos nossa parcela de culpa. O outro só nos machuca na medida em que o permitimos. Ai, dói quando alguém nos fala isso, não é? Ficar de coitados da história é mais confortável, “o mundo é mal comigo, as pessoas são egoístas”, mas vou lhe dizer que esse pensamento além de infantil não lhe tira do lugar. Tudo que é desconfortável, sejam pessoas ou situações, é o que nos movimenta para sairmos do vitimismo, mudar e para isso muitas coisas precisam ser esquecidas.

Isso quer dizer que tenho que deixar tudo para lá, me consumir com o que me machuca e esquecer tudo que me incomoda? É claro que não, até porque as emoções não sentidas cristalizam em nossos corpos, emocional e físico, e uma hora a conta chega. O intuito aqui é aprender a ver o quanto é seu dever lidar com o que você tem controle e aceitar que as pessoas não têm que lhe agradar, geralmente elas estão tentando resolver seus próprios problemas e isso pode respingar aos próximos, podendo lhe incluir mesmo não sendo intencional. Cabe a você escolher se colocar como vítima das circunstâncias, onde qualquer vento mais forte que lhe pega desprevenido parece um golpe fatal ou aceitar que as pessoas não agirão da forma que você quer ou espera. Ah! Para que você consegue lidar com essa tranquilidade com decepções? Você pode me perguntar e eu lhe responderei: Não exatamente, mas posso lhe admitir que o pensamento é que quem criou expectativas fui eu mesma, e devo lidar com elas, é duro entender isso, complicado admitir que é nossa atribuição quando alguém nos machuca, isso nos mostra onde não estamos tão confiantes sobre nós mesmos e que toda e qualquer ação vinda de fora atinge e tem a influência que nós autorizamos.

Ok, mas para quem essa parte de esquecer ajuda? Para você mesmo, pense em algum episódio em que sentiu raiva percebeu que ela não chegou até a pessoa ou situação atingindo somente a você com alguma dor até física? Pois bem, quando esquecemos (e digo isso depois de analisar a situação, lidarmos com ela, falar sobre e então seguir) quem ganha somos nós, abrimos espaço interno para os sentimentos que realmente nos fazem ser mais leves e felizes e estes que temos que fomentar. A raiva, a ira, a decepção devem ser sentidas também, pois nada tem de ser evitado, mas devem ser liberadas quanto antes, pois, quando estão transitando por dentro de nós, sem controle algum, podem ir causando danos irreparáveis. Perdoe aquela pessoa que lhe magoou, aceite que as pessoas estão lidando com suas batalhas e que nem sempre é possível encontrar um equilíbrio para lidar com tudo e não magoar ninguém. Esqueça estas pequenas coisas, ocupe o papel principal da sua vida e não perca tempo tentando entender porque agiram desta ou daquela forma com você, tenha a mente tranquila e continue buscando ser sua melhor versão.

Quando entendemos que não somos responsáveis pelo que as pessoas entendem quando falamos, que não temos controle sobre as atitudes de ninguém além de nós mesmos, você vai compreendendo e aceitando a olhar mais para si e mudando o que está ao seu alcance. Claro que isso não quer dizer que você deva ser leviano com os outros, com ninguém, aliás, mas pare de achar que todo mundo está querendo de alguma forma lhe fazer mal, as pessoas estão focadas nelas mesmas e quanto antes se entende isso menos pessoal se torna a atitude alheia. Esqueça que lhe magoaram, esqueça que lhe traíram, esqueça que não agiram com você dá forma que você agiria, isso são pesos que vamos colocando na nossa mochila que não nos ajudarão em nada lá na frente. Para subir a montanha, e chegar ao topo, você precisa estar leve e carregando somente o essencial. Então, deixe para trás alguns itens da bagagem, você vai perceber que muito do que carrega ali dentro não tem mais valor ou significado, deixar ir e esqueça esses pequenos eventos, eles te ajudaram até aqui, mas de agora em diante tornam-se só volume e quando estamos assim não vamos muito longe. Você quer parar ou seguir?

20 out, 2020

Por que resistir?

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Você já andou de montanha-russa? Tenho uma razão para lhe perguntar isso. Temos dois amigos que estão prestes a entrar nesse brinquedo, ambos detestam essa adrenalina, mas se desafiaram para descobrir como sairiam depois da experiência. Um deles quando sentou na cadeira enrijeceu todo corpo, paralisado pelo medo se segurou em tudo que seus olhos alcançavam na cadeira, no cinto de proteção colado ao seu corpo, até na pessoa ao seu lado. Do início ao fim ele não se mexeu, os olhos permaneceram fechados durante todo trajeto, ele ansiou a cada segundo que aquilo terminasse. Em contrapartida, seu colega mesmo desconfortável, soltou seus braços depois da primeira descida do trem, gritou e até conseguiu rir em alguns instantes, mesmo que fosse de nervoso, ele também queria, intimamente, que aquela volta acabasse, mas decidiu entrar no clima, até porque estando ali já não havia muito o que fazer, a não ser relaxar. Após a experiência, em conversa entre eles, o primeiro amigo reclamou de dores no corpo em decorrência de ter ficado rígido enquanto o outro comentou dos momentos em que mais sentiu medo e adrenalina, mas estava feliz de estar com os pés em terra firme.

“Como essa história é uma analogia com minha vida?” Vamos juntos construir esse pensamento. O exemplo acima foi o que mais fez sentindo — pelo menos para mim — sobre o quanto, quando resistimos, as coisas podem se tornar extremamente desagradáveis. Para o primeiro amigo, que se contraiu totalmente, esse simples passeio durou uma eternidade. Ele não aceitou a situação, lutava contra ela, mesmo que quase sem reação ele queria que ela terminasse, nem ao menos se deu ao trabalho de abrir os olhos e perceber que não corria riscos. Já seu amigo decidiu aceitar que como estava no brinquedo, sem muito para aonde ir, só lhe restava entregar-se ao momento. Os dois podem ter decidido, após a vivência, que andar de montanha-russa não é para eles, porém, a atitude oposta de ambos perante a mesma situação mudou completamente a forma de enxergar tal experiência. O primeiro só se lembra de ficar de cabeça para baixo em todos aqueles loopings que vinham sem parar. Já o segundo, que aceitou o fato de estar ali e, relaxou, conseguiu desfrutar alguns momentos além de aprender uma ótima lição.

Geralmente nas situações que vivenciamos, para não dizer majoritariamente, o que nos leva ao sofrimento é o fato de ficarmos resistindo ao momento presente, ao que está acontecendo em nossas vidas no agora. Reclamamos pelo fato de não estar como gostaríamos, de não estarmos onde queríamos e culpando fatores externos. Quanto mais resistimos, enrijecendo perante às situações, como nosso amigo acima, piores os cenários vão ficando, consequentemente vamos reclamando de tudo, a vida vai nos dando mais daquilo e quando percebemos — e se percebemos — estamos presos em uma roda infinita de reclamações e resistência. Estando nela vai ficando cada vez mais difícil sair, pois, se torna algo tão habitual que você acredita que não há outras opções senão a dificuldade. Porém, vejamos o outro amigo que em um dado momento aceitou a situação, assumindo sua responsabilidade perante ela, soltou e aproveitou o que aquele momento tinha a oferecer saindo assim mais rápido e parando de sofrer. Lembre-se que o tempo é algo subjetivo, quando fazemos algo que amamos dez minutos passam em um piscar de olhos e quando aflitos um minuto leva uma eternidade.

Traga isso para sua vida, você pode sim estar passando por um momento desafiador, nebuloso, difícil e normalmente estamos, mas aceite os fatos como eles são sem conformismo ou acomodação, pois são atitudes bastante distintas. Aceite que muitas vezes as coisas não acontecerão da forma que você almejou e isso pode ser uma benção. Veja o cenário a sua volta, agradeça por ele ser um professor lhe ensinando lições que você precisa aprender, mesmo que não entenda agora. Reitero, que se o lugar que você está não é o que deseja continue em busca daquilo que seu coração almeja, mas sem desmerecer o momento presente, ele é tudo que você tem. Onde está e as situações que está passando são resultados de escolhas suas feitas anteriormente então aceite-as, mas não deixe que elas lhe paralisem em direção ao que você intenciona. Quando você para de reclamar, de resistir e tentar a todo custo remar contra a maré, você ganha tempo e energia para investir em atitudes que realmente podem lhe ajudar a avançar. Não resista ao seu momento atual, como nosso primeiro amigo na montanha-russa, receba-o, flua com ele, agradeça pelos ensinamentos e toca ficha para modificá-lo da forma que desejar.

P.S. Sou suspeita de falar, pois adoro uma montanha-russa, porém, se você nunca experimentou se joga levando a experiência para além de um momento de adrenalina, se entregue e veja como você se comporta e se já andou, aproveita e se permita experienciar sob uma nova perspectiva.

13 out, 2020

Todo pensamento é um mestre e ele deve ser atendido

Frase "você pensa demais"no palito
Você pensa demais
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Leio e escuto por aí muitas coisas que me deixam impactada, como o caso dessa acima, mas tenho que ser honesta que não lembro muito bem aonde a escutei. Deixei ela anotada no meu bloco de ideias onde guardo frases e pensamentos para utilizar em momentos posteriores. Isso ocorre com grande frequência, pois em alguns momentos quando elas surgem não me sinto pronta para escrever sobre o assunto, mas por qual razão estou explicando tudo isso se nem faz sentido com o artigo? Bom, essa nem eu sei lhe responder. Começo falando sobre uma coisa e quando vejo já estou há léguas de distância, mas agora pensando melhor faz um pouco de sentido, assim como bem dito pela chamada do artigo nosso pensamento é um mestre e muitas vezes me deixo levar, falar e escrever sobre onde ele está me levando, percebe que frágil é isso? Não? Fica um pouco obscuro ter essa dimensão quando estamos falando de uma coisa simples como essa, mas quando os seus pensamentos começam a ir para um lado mais sombrio e incessante, como faz?

Nossa mente consciente é como um jardineiro cuidando de seu jardim. Animado ele ara a terra, a prepara, aduba, planta as sementes do que ele deseja colher (vamos usar nesse caso roseiras, você pode escolher outra se quiser) enfim, ele idealiza o que almeja extrair daqui a um determinado tempo. Diariamente ele cuida de seu jardim, rega, protege de temperaturas mais extremas e cuida para evitar as pragas que podem invadir sua plantação e destruir suas roseiras em pouquíssimo tempo. Porém, temos mais um componente nessa equação, o nosso subconsciente, neste caso representado pelo jardim. O subconsciente é um fiel servidor, não julga e nem rotula nada, como a consciência faz, entre bom e mal, feio e bonito, isso é apropriado e isso não é. Bom, suponho que você já entendeu um pouco da minha analogia até aqui, não é? Quando os pensamentos estão alinhados com o objetivo tudo parece fluir, a terra, as sementes, o tempo, mas se nos descuidamos e deixamos uma pequena fresta aberta os pensamentos confusos entram, destroem todo o trabalho e a praga se instala.

Em uma ideia palpável como essa fica um pouco mais fácil de visualizar a capacidade que os nossos pensamentos têm sobre nós e nossas atitudes. A questão aqui é como nossa mente subconsciente não avalia nada, ela só acata, é importante estar vigilante tanto com o jardineiro quanto com o jardim. Sua mente subconsciente vai fazer de tudo para florescer, com força, vigor, se é isso que você deseja, quanto mais você pensa sobre o assunto mais ela entende que se trata de uma situação de urgência máxima que precisa ser atendida. Agora vamos supor que você acredita ter se empenhado na plantação das suas roseiras, enquanto colocava as sementes e adubava a terra as plantava colocando as sementes pensou: “essas rosas não podem morrer, não podem vir feias e fracas, não podem aparecer pragas, estou cuidando muito para que nada disso aconteça” e cada vez que o jardineiro (a mente consciente) vai regar aquela muda com todo amor e cuidado ele reforça aquele pensamento que foi colocado na hora de sua plantação. Lhe pergunto, o que você pensa que vai acontecer?

Se você disse que será uma colheita fraca, cheia de rosas podres e que as pragas fizeram morada naquelas roseiras você acertou. Seus pensamentos são mestres que devem ser atendidos. Nossa mente é extremamente inteligente e está trabalhando ao nosso favor, — não esqueça disso — porém, é necessário ter claro que a conversa entre o consciente e o subconsciente não funciona da forma que imaginamos. De alguma maneira o subconsciente não entende o “não” que colocamos na frente, ele entende que você quer rosas velhas e feias e é isso que ele lhe dará, pois, você reforça isso diariamente. Então, sabendo que seus pensamentos estão acontecendo e seu subconsciente, e consciente vão fazer tudo para que eles sejam atendidos o mais rápido possível, me parece meio claro a razão fundamental de sermos sempre cautelosos quanto ao que pensamos, pois, pode realmente se tornar realidade. Foque no que você deseja, seja claro, tire de qualquer cenário imaginário o que você não ambiciona visto que quanto mais você foca dizendo que não é aquilo, mais seu cérebro entenderá que esse é o objetivo a realizar no momento. Não esqueça que sua máquina é inteligentíssima, use-a a seu favor.

06 out, 2020

Porque fiquei sem escrever

Mulher sentada em um tronco de árvore
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Acho que quem acompanhava o blog antes viu que eu escrevia três vezes por semana, e há um artigo mencionando que assim o seria, mas também deixei em aberto caso houvesse necessidade/vontade de mudar e foi o que aconteceu. Em um dado momento me senti cansada e cobrada, por mim mesma, para escrever com frequência, manter uma entrega ótima e dar conta das coisas do dia-a-dia. Percebi que estava ficando ansiosa com toda a função de escrever os artigos, buscar imagens, revisar, gravar o áudio em um momento que não houvesse barulhos externos – em algumas situações mais de três, quatro, cinco tentativas – dois dias de descanso e vamos tudo de novo. Senti que estava em um fluxo que não me deixava satisfeita, o fluxo de energia não se completava percebia-o saindo e sem retorno. Parei, me vi triste e parecia que aquilo tudo já não me trazia entusiasmo, me permiti sentir, entender o porque não estava mais fluindo da forma como antes e sem previsão de volta me deixei levar por mais essa oportunidade de me conhecer.


Juntamente a isso, a minha avó paterna faleceu, ela já estava doente mas se tem algo que não adianta o que façamos nunca estaremos preparados é para essa visita. Minha avó era de uma simplicidade mas ao mesmo tempo transbordava um conhecimento tão único, o da vida. Estar perto dela era estar em casa, Dona Cleonice tinha uma capacidade de nos trazer de volta a realidade da vida, mostrando muitas vezes, sem mesmo querer, aquilo que realmente tem importância. Ela foi uma mulher com uma força que eu jamais vi, e não digo só emocional, era física mesmo, ela era um tanque, só tive noção disso quando estava crescida. Era maravilhoso acompanhá-la cozinhando, era como se ali estivesse acontecendo uma alquimia e o sabor? Quando fecho os olhos, ainda posso sentir. A emoção que ela transmitia quando costurava era de paixão e entrega e percebo agora o quanto ela estava presente enquanto se esmerava em suas bainhas. Minha avó viveu umas cinco vidas só nessa e eu senti que precisava me silenciar para reconectar um pouquinho com essa força que veio para mim por DNA. O momento não era de escrita e sim de sentir, só sentir.


E por que estou dividindo algo tão particular com você? Porque minha intenção aqui é sempre ser sincera com quem me acompanha, compartilhar minhas experiências e mostrar, mais uma vez, que também tenho meus altos e baixos e minhas inseguranças. Mesmo abordando com frequência em meus artigos sobre respeitarmos nosso tempo, sobre lidar com nossa mente sabotadora – no meu caso a Cláudia -, quando me apercebi havida sido pega novamente por um gatilho e cedi a ele. Essa é uma oportunidade tanto para mim quanto para você que lê isso percebermos que não estamos sozinhos nestas situações, elas SEMPRE irão acontecer por mais que acreditemos estar preparados, basta um descuido e o cenário pode se transformar e ficar denso. A Cláudia tomou conta, mas desta vez não cedi ao ímpeto de tentar afastá-la e a convidei a ficar e buscar entender por qual razão ela tenta me desmotivar das coisas que me fazem bem. Muitas vezes, para entender o que acontece nesses ciclos repetitivos, a raiz de tudo, é necessário olhar para lugares não muito convidativos e bastante doloridos dentro de nós mesmos e isso pode ser deveras intenso e desagradável.

Assim que algumas áreas foram sendo analisadas e aceitas, a vontade de escrever foi voltando devagar como se sentisse mais confortável para sair da onde havia lhe escondido. Esse período foi ótimo para fazer um balanço, avaliar alguns pontos, me abrir para me reconhecer em outros aspectos e entender que temos necessidades de pausas. Posso lhe dizer que agora as coisas estão um pouco mais claras, porém, caso seja necessária uma nova interrupção ela será muito bem-vinda e acolhida como algo natural da caminhada pois tudo é.  Vou lhe dizer mais, olhando agora para esse período, percebi que só o aceitei por estar sempre tentando me ouvir e me conhecer e isso é valioso. Não tenho como determinar a melhor forma de você alinhar essa comunicação consigo mesmo, pois eu também corto um dobrado para apurar a minha, mas posso lhe garantir que você é o único que pode fazer isso por si. Eu poderia ter seguido escrevendo sobre vários outros assuntos mais abstratos, mas qual graça teria se não fosse verdadeira por aqui? Compartilho e divido percalços da minha caminhada mas que poderia tranquilamente ser a sua ou a de qualquer pessoa. Não tenho vergonha nenhuma de admitir meus altos e baixos, o importante é seguir em frente. Tenha orgulho da sua caminhada e faça ela por você.

23 set, 2020

Vá além do amarelo

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Decidi voltar a escrever depois de um tempo parada. As razões dessa pausa ainda serão tema de um próximo artigo, mas hoje quero abordar algo mais profundo, um tema que surgiu em uma conversa trivial com minha mãe, que tinha ido ao hospital e me comentou algo que havia chamado a sua atenção naquelas poucas horas ali. A enfermeira disse a ela sobre a quantidade de tentativas de suicídio que estavam ocorrendo principalmente após o aparecimento da pandemia. Por razões óbvias, entendemos o porquê desse aumento, e em um momento de desespero, de não conseguir mais visualizar opções possíveis o “acabar com aquela dor”, parece a única solução plausível. O Setembro Amarelo, que ocorre desde 2014, é uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina, e visa a prevenção do suicídio. Eu sei, ele é um tema denso, daqueles que queremos deixar de lado e fingir que não está ali, mas, desculpe, ele se faz muito necessário e por isso será abordado aqui no meu espaço.

Indo um pouco mais atrás de informações, me impressionou o fato de que a maioria entre os casos, chocantes 96,8%, são jovens com transtornos mentais iniciando com a depressão, e podemos dizer que ela é uma porta de entrada para outras diversas doenças e um sinal de alerta enorme desde sua aparição. Isso me impressionou, mas ao mesmo tempo me pareceu claro o porquê de sua ampla maioria de ocorrências acontecer entre jovens, visto que são eles que estão mais suscetíveis a informações de pouca qualidade ou muitas vezes nenhuma. As redes sociais não são a única culpada, devendo levar toda a responsabilidade por tais consequências, mas são indubitavelmente aceleradoras e impulsionadoras dessas atitudes. A vida perfeita compartilhada através de imagens e vídeos muitas vezes deixa até mesmo pessoas com maior vivência, idade e maturidade tristes, angustiadas e se sentindo inferiores. Imagine o efeito disso sobre um adolescente que somente quer se sentir enturmado se vendo tão distante daquilo tudo?

Ninguém, absolutamente ninguém está isento de problemas, nenhum de nós tem a vida perfeita, todos estamos enfrentando alguma batalha interna em qualquer momento da vida. Se manter firme e em pé no mundo real nos exige muito, muita força, muita garra, muita fé (seja essa em você ou no que você acreditar) e muita vontade de viver. Diversas vezes pode não parecer fácil – e não é –, e está tudo bem admitir que se está triste, com medo, desanimado e sem forças. Porém, é importante ter em mente que é possível mudar isso. Comece acolhendo o que está sentindo, olhe para você antes de qualquer coisa e se pergunte que mudança está ao seu alcance, busque ajuda, e, se não a encontrar nas pessoas próximas, busque um profissional, busque apoio, pois muitas vezes é realmente difícil sair de onde se está sozinho e não há nada de errado em pedir ajuda. Ela se faz cada dia mais necessária em um mundo que tenta a todo custo que nos comparemos uns aos outros, que andemos feito manada, sendo todos muito parecidos, e que nos faz sentir diminuídos ou deslocados a todo instante. Por mais que eu acredite que toda essa singularidade é o seu bem mais precioso, talvez você não esteja pronto para enxergar, então peça ajuda.

Uma sucessão de acontecimentos, na nossa visão ruins, uma fase seguida de outra repleta de desafios pode tirar qualquer um dos eixos, nenhum de nós está livre, e por essa razão não acredite em tudo que vê ou ouve, pois normalmente as histórias lindas que chegam aos seus ouvidos têm muita superação e suor por trás que não foi contado, aquela foto perfeita que você vê, além de poder ter sofrido alterações, pode ser só uma forma de a pessoa por trás dela lidar com seu problema de autoestima se sentindo amada através de likes. Nós sempre vamos estar atrás de alguém, e, se ficarmos nessa sede de nos compararmos, ficaremos cada vez mais ansiosos, nos cobrando, invejosos e sentindo raiva de outras pessoas que não têm nada a ver com o que acontece dentro nós, e é ali que começa tudo. O “vá além do amarelo” aqui é para alertar que não é só durante um mês do ano que temos que falar sobre esse assunto, é só vermos os números, é algo incontestável acontecendo entre nós, e, quanto mais valorizarmos aparências, fotos e redes sociais como métricas de felicidade, mais corriqueiro será, infelizmente.

Cancelar pessoas, xingar e desrespeitar o outro por uma opinião divergente da sua, criticar, criticar, criticar, isso nunca ajudou ninguém a se levantar. Antes de crucificar, pense como você pode ser melhor, um ser humano melhor. A gente nunca sabe o que o outro está passando, além de não saber o que nos espera na próxima esquina da vida, então seja gentil. Você não sabe cada detalhe por trás da história de quem acompanha, mas sabe da sua, então olhe para ela e tente encontrar as partes bonitas que ela tem e agradecer, e as que não forem tão bonitas veja como desafios que o tornam quem você é hoje, e portanto fundamentais. Deixei linkado o site do Setembro Amarelo caso você sinta necessidade de compartilhar com alguém ou para você. Peça ajuda ao menor sinal de que precise.

26 jun, 2020

Você curte sua companhia?

Mulher na banheira com sua companhia
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Visando o fim de semana, aproveito para abordar um assunto em que você pode usar os próximos dias para colocá-lo em prática em algum momento ou pelo menos pensar sobre o assunto. O quanto você curte sua própria companhia? Quanto do seu tempo você despende totalmente sozinho e focado em si? Aproveitando para fazer coisas que lhe façam bem, atentando-se em seu bem-estar, colocando em dia ideias que há tempos quer tirar do papel ou ficar só deixando sua mente livre acompanhando aonde ela quer levar você? Em muitos momentos a correria é tão grande que a última pessoa da lista de prioridades é você, e esquecemos com frequência de que, se não estivermos bem, não podemos ajudar ninguém, nem mesmo nas tarefas mais banais e bobas, pois precisamos da nossa energia, não podendo nem despendê-la, e não notamos isso. Por isso bato na tecla de cuidar de você, se conhecer, saber exatamente o que lhe faz bem e o que não lhe agrada. Quer melhor forma de fazer isso do que estando consigo?

Nunca tive muitas dificuldades em desfrutar de minha companhia, mas sei que isso não é um consenso, existem pessoas que precisam estar acompanhadas, e, não entenda errado, eu gosto de ter pessoas por perto tanto quanto ficar absorta em mim. Estar com outras pessoas me exige uma maior dedicação, estado alerta, atenta ao que o outro está querendo compartilhar. Isso é algo que sempre tento desenvolver – minha escuta ativa –, até porque nos foi ensinado o contrário, normalmente só esperamos nossa hora de falar na conversa sem nem nos importarmos de verdade com o que o outro está falando. Estar ali totalmente presente, atenta, sem julgar, sem rotular, sem querer parecer superior ou qualquer coisa referente a isso é exaustivo, mas vai se tornando mais natural a partir do momento em que você aproveita tais momentos de interação para buscar se desenvolver e perceber posteriormente, em sua própria companhia, suas atitudes a melhorar.

Mas ledo engano em achar que nos momentos em minha companhia são mais relaxados, na verdade o estado de alerta é dobrado, pois se relaxar nessa hora é o momento perfeito para a Cláudia – minha sabotadora –, dar as caras e, pior ainda, ser ouvida e levada em consideração e desmerecendo tudo em que melhorei e valorizando algo em que não me saí tão bem. Porém, são nesses instantes que consigo ter mais consciência de mim mesma, ser totalmente eu, fazer atividades que me conectem comigo mesma e me tragam paz. Você já se permitiu a ir um cinema sozinho, fez uma refeição em um restaurante sozinho ou algo que normalmente sua Cláudia vai lhe repreender e dizer: “O que pensarão de você fazer isso sozinho?”. Muitas vezes vamos deixando nossa programação para depois, esperando alguém para nos acompanhar para não parecermos solitários. Que bobos somos de não vermos situações como essa da forma simples que são, uma pessoa resolvida desfrutando de sua própria companhia. Um ponto a salientar: você só irá curtir de verdade a presença de outras pessoas quando se sentir confortável consigo mesmo nas situações em que a maioria ficaria desconfortável.

Quanto mais nos sentimos à vontade conosco, mais nos permitimos nos conhecer, até os lugares mais escuros recebem luz, tomamos melhores decisões, pois paramos de buscar fora nossas respostas, silenciamos um pouco o barulho e conseguimos ver o que está gritando dentro de nós. É incrível ter com quem contar, pessoas para compartilhar, uma rede de altas vibrações ao nosso redor, mas não esqueça que você já tem tudo isso aí dentro de si mesmo. O imediatismo, a ansiedade, o medo e as diversas crenças que carregamos dificultam, em grande medida, conseguirmos ouvir nosso sábio interior – sim, todos temos ele –, por isso fazemos o movimento contrário, buscando soluções do lado de fora, mas que na verdade se encontram repousando tranquilamente dentro de nós. E é no momento de solitude, entre você e sua companhia, que se estreita essa comunicação, é durante a escrita sem restrições, durante uma meditação livre de controle, é entrega. Não existe melhor companhia que a sua, curta, desfrute-a, sinta-se à vontade consigo a ponto de sentir-se leve e tranquilo por conhecer todas as suas partes e não sentir vergonha de nenhuma delas, pois sabe que todas são necessárias para você ser completo.


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24 jun, 2020

Você pode mais!

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Hoje o artigo é para fazer você tirar a bunda da cadeira e ir para a ação, exatamente. Já disse por aqui que devemos dar uma pausa, descansar e voltar para a ação e, sim, as pausas são tão importantes quanto a atividade, o movimento. Porém, é na ação que as mudanças necessárias, e desejadas, acontecem. Falo por mim, que sou de uma geração floco de neve, e temo pelas próximas que vierem, e olhe que sou uma pessoa positiva, mas vemos por aí cada vez mais adultos preguiçosos, com maior propensão a se ofenderem, menos resistentes e com medos bobos de fazer acontecer. Tudo bem que seu corpo sempre quer buscar uma forma de guardar energias, esperando para ser usada mais tarde, mas se esse mais tarde é ficar parado na frente da TV vendo filme, pergunto: onde está sendo empregada sua energia? Em ficar olhando a vida dos outros nas redes sociais, se comparando ou julgando o amiguinho? Tenho certeza – e até seu corpo também – que você pode bem mais do que isso.

A razão de querer falar sobre nossa geração ser tão soft é porque essa semana li sobre nossos ancestrais, e nem vou tão longe em nossa linhagem, falo de nossos avós – a minha materna, por exemplo, teve dez filhos, e a paterna construiu sua casa sozinha –, e a gente reclama quando nossa comida chega gelada no Ifood, reclamamos de não ter as coisas na mão e de termos que ir para a arena da vida que pode nos cansar. Você agora deve estar pensando que não é algo a se comparar, épocas muito diferentes, e questiono você: por que não? Para não fazer você se sentir envergonhado de não conseguir dar conta de seus pequenos afazeres quando uma pessoa conseguia dar conta de tudo que você faz multiplicado sem metade das nossas comodidades? Sim, este artigo é para ser desconfortável, alfinetar você lá no âmago e parar de reclamar de coisas minúsculas na sua vida que lhe acontecem e, assume como irreversíveis, e ir para a guerra. Relembrando meus tempos de criança, rapidinho aqui nas minhas memórias, não lembro de minhas avós estarem exaustas jogadas no sofá quando ia visitá-las ou passava o dia com elas, muito pelo contrário, ambas estavam sempre ativas, cada uma do seu jeito, mas em ação, fazendo e sem esperar que fizessem por elas.

Tenho certeza de que você está acessando suas memórias e bem provavelmente suas avós também eram assim, pois elas não tinham o costume de reclamar de mais coisas para fazer, de mais um filho para cuidar, que as coisas estavam muito difíceis e que elas não conseguiam dar conta. Se elas conseguiam, por que com você seria diferente? Você não tem acesso a muito mais informação, tecnologia e diversos outros dispositivos que podem ajudá-lo? Duvido muito que nossos avós dessem bola às suas mentes dizendo que já estavam cansados e não dariam conta de mais uma atividade. PARE de ouvir sua mente sempre limitando você a fazer menos, a ler menos, a descansar mais um pouco, pois é a mediocridade que você irá conhecer se permanecer por aí. Você pode mais, sempre mais, não estou dizendo para ser irresponsável e sair por aí feito louco fazendo tudo de uma vez, mas você pode fazer mais uma série da sua atividade física, você pode parar de ficar mexendo no celular vendo coisas inúteis e dormir mais cedo, acordar mais disposto e ler um livro, você pode estudar um pouco mais se não dormir até tarde, descobrir uma nova habilidade, se desafiar, você sempre pode se desenvolver mais.

Olhe para sua vida, por qual gargalo ela está indo e você nem percebe? Em que você utiliza seu tempo? Ele está jogando a seu favor ou contra você? Você tem uma agenda para se organizar e colocar suas metas e prioridades? Sem termos um pouco que seja de organização, vamos só vivendo e deixando a vida nos levar, sem saber para onde será, mas você pode não gostar – e provavelmente não irá, pois está plantando agora o que quer colher, e, sem saber onde está colocando sua energia, o que espera encontrar ali na frente? Use de forma sábia seu tempo, é o seu ativo mais limitado. Faça mais, produza mais, plante mais, preencha seu dia com coisas que lhe nutram por dentro e que reverberem aqui fora. Não dê bola para sua mente quando ela quiser mais um descanso porque você merece – eu tenho certeza de que você sabe quando é de verdade necessário e quando é balela. Tenha certeza de que você pode mais, e se ainda restar alguma dúvida é só dar uma olhada em quem veio antes de você e o que eles fizeram para você desfrutar onde está hoje, com as mesmas 24 horas que você tem, mas seja firme nesta análise e não se coloque no lugar de vítima para passarem a mão na sua cabeça. Não se esqueça, você pode mais, e, faça um favor a si mesmo e ao mundo, se movimente.

22 jun, 2020

Rotina: Ame ou deteste-a

Agenda mostrando a rotina e compromissos da semana
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Existem dois tipos de pessoas, as que adoram a rotina e as que detestam. Não estamos neste artigo buscando julgar o que é certo ou errado, e sim mostrar por que muitas vezes ver sua rotina com outras lentes pode ser benéfico. Ok, você já deve ter percebido que eu sou pró-rotina, sim, adoro tê-la bem definida e não me importo de fazer as coisas diariamente de determinada forma, pois sei que imprevistos podem acontecer – e irão –, se sua rotina do dia estiver atrapalhada, lei de Murphy, né? O que acontece aqui é que prefiro estar mais livre quando tiver que resolver alguma pendência de última hora e que isso não bagunce meu dia parecendo que tenho que escolher entre duas coisas igualmente importantes e que posteriormente fique com a sensação de que não consegui fazer o que havia me planejado. Fazer todos os dias a mesma coisa pode, sim, ser algo entediante, eu mesma achei isso por um tempo, mas quando você percebe o poder que existe em construir algo diariamente você começa a colocar mais atenção naquilo e fazê-lo com intenção. Quando estou buscando introduzir uma nova atividade na minha rotina, preciso praticá-la durante um mês, no mínimo, todos os dias e no mesmo horário, pois é assim que meu cérebro entende que algo veio pra ficar e é importante. E para você, como funciona?

Vamos a um exemplo para tentar elucidar melhor como funciona para mim. Comecei a colocar em prática as atividades do livro O Milagre da manhã¹, o qual eu não li, mas a internet nos possibilita sinopses, e a desta obra é bastante conhecida. O autor traz uma sequência de seis atividades para serem feitas diariamente antes de começar o seu dia, ou seja, antes de sair para a correria que é a rotina. Trata-se de tempos variáveis, de acordo com a disponibilidade e a necessidade do freguês, que são: meditação, visualização, manifestações, atividade física, ler e escrever. Você ri e pensa: “Tá, para fazer tudo isso antes de o dia realmente começar terei que acordar às 4h!”. Foi o que eu pensei e fiz. As mudanças de hábito e aquilo que buscamos atingir vão nos exigir esforço e saída da zona de conforto, explanei isso em outro artigo, não adianta, é ali que crescemos, momentos de prazer são maravilhosos e para desfrutá-los, e também para valorizá-los quando acontecerem, serão necessários alguns momentos não tão legais. Já comentei anteriormente que não acordo nesse horário amando, mas eu amo o que o acompanha, seus benefícios e a disciplina que vem juntamente. Também mencionei por aqui que tem dias, ou semanas, que não adianta, o ânimo não dá as caras, e é vida que segue, porém me permito isso quando o hábito já está instalado e posso “jogar” com ele no meu dia. Isso serve para você? Não necessariamente, ache a sua fórmula, se comprometa, se teste, falhe, acerte e vá tentando.

Acontece que nós sempre estamos buscando melhorar algo – e se você que está lendo isso não está, deveria –, até porque sempre temos algo para evoluir. Seja procurando uma alimentação melhor, se dedicar mais firmemente às atividades físicas, emagrecer, e assim vai da vontade de cada um, porém, se você deseja a mudança, ela vai precisar acontecer, e mesmo que você deteste admitir vai ser chato no início e precisa ser rotineiro. Escovar os dentes e tomar banho, entre tantas coisas que você faz cotidianamente, se tornaram um hábito. Claro que agora você não se lembra, mas podia achar um saco quando começou a fazê-los, porém de tanto executá-los, repetidamente, que pode até fazer de olhos fechados, esse é o caminho natural de tudo que você se compromete a fazer com assiduidade, mas para isso acontecer é necessário passar pela fase incômoda inicial. E não venha me dizer que se alimentar bem e fazer atividades não são tão fundamentais assim, pois, já imaginou não conseguir amarrar seus próprios sapatos ou não poder comer um docinho na velhice porque hoje você não quis fazer um esforço e incorporar novos hábitos saudáveis na sua rotina? Deixe algumas vezes de lado o prazer momentâneo, pois ele terá reflexos lá na frente e você vai querer ter começado antes a se cuidar. O comprometimento que a rotina traz nos faz pensar nas pequenas mudanças que podemos fazer diariamente, mas que, somadas ao longo de um ano, ou uma vida, podem fazer uma enorme diferença.

Até que o objetivo em questão se solidifique – e vire rotina – vai levar um tempo. Dizem que leva 21 dias para o seu corpo assimilar e entender o novo hábito incorporado – eu não sei, pois preciso de mais. Você precisa testar e ver o que funciona para você. Mas tenha em mente que vai levar um tempo, não será gostoso e agradável no início – será um porre, é importante ser sincera –, e trabalhe com metas possíveis e alcançáveis, pois assim a tendência a conseguir persistir são maiores. Não adianta uma pessoa sedentária decidir correr 10 quilômetros no primeiro dia em que incluir a prática em sua rotina, ela vai desistir, pois vai ser difícil e obviamente se frustrará, e aí você já sabe, nossa amiga mente – no caso, não – vai entrar derrubando portas para lhe desestimular e fazê-lo acreditar que é incapaz. A constância aqui é que vai manter você no jogo do longo prazo, as pequenas vitórias diárias que vão lhe dar impulso para no dia seguinte ir novamente e no próximo, e quando você perceber já está finalizando os dias a que tinha se comprometido, e é aí que entra o bacana da rotina, do compromisso diário. Ah, uma outra dica legal é ter um calendário e riscar todos os dias depois que você cumprir a atividade a que se propôs, pois isso dá a sensação de prazer e leva ao nosso cérebro o sentimento de que você está cumprindo e comprometido com o que tenha se determinado. A rotina pode não ser tão agradável todos os dias, mas pense amplo, os pequenos tijolinhos colocados diariamente podem construir algo muito bacana a longo prazo. Pense sobre isso.

¹ O Milagra da Manhã – Autor: Hal Elrod, ano 2012.